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JORGE GERDAU JOHANNPETER
Democracia e regulação
As agências precisam conjugar visão econômica, conhecimento técnico e sensibilidade política
A DEMOCRACIA pressupõe a capacidade de equilibrar interesses, muitas vezes opostos,
e desenvolver uma solução que
atenda as necessidades coletivas. No
ambiente econômico, uma parte importante desse balanceamento é feita pelas agências de regulação, que
equilibram interesses de investidores e de consumidores, ao disciplinar e fiscalizar as atividades de diversos segmentos da economia.
Apesar de ter apresentado avanços, o país tem um longo caminho
para consolidar a cultura de regulação com a classe política e a sociedade como um todo. E este é um momento crucial para analisar profundamente o tema, diante da retomada das discussões sobre o projeto de
lei das agências reguladoras. Por
buscar o equilíbrio entre interesses,
as agências precisam conjugar visão
econômica, conhecimento técnico e
sensibilidade política -uma competência que exige a existência de profissionais altamente qualificados e
independentes diante de grupos de
pressão com objetivos individualistas. Pela sua atuação, naturalmente
tendem a entrar em conflito com o
Poder Executivo, o ministério público e os tribunais de contas, além do
Judiciário, última instância de discussão.
Por esses motivos, é fundamental
garantir a autonomia de funcionamento das agências, evitando interferências políticas. Além disso, as regras do jogo precisam ser mais claras para os investidores. Isso significa que a regulação setorial deve seguir regras claras e transparentes,
fundamentais neste momento em
que o Brasil assume claramente a
meta de acelerar o crescimento econômico.
Se forem definidas regras de regulação transparentes, com embasamento jurídico consistente, as discussões sobre o melhor modelo de
atendimento das necessidades dos
consumidores, seja esse modelo privado ou estatal, tornam-se menos
complexas. Por exemplo, as empresas de água mais eficientes do mundo estão na França, cujo índice de
privatização é de cerca de 70%. Esse
nível diferenciado de reconhecimento se justifica pela existência de
políticas claras de saneamento e de
regulação do setor. Outro exemplo
positivo é a regulação do mercado de
capitais no Brasil, pois sua eficiência
e transparência são um instrumento de proteção dos investidores.
O sucesso do sistema de regulação
brasileiro também passa pela capacidade dos seus gestores de aprender com as experiências de outros
países, que começaram a atuar nessa
área muito antes do Brasil. Também
é necessário estabelecer uma visão
de longo prazo, traduzida por meio
de objetivos e metas a serem atingidas em um período de 10 a 20 anos.
Vale destacar o esforço da Associação Brasileira de Agências de Regulação (Abar), por meio da realização
de congressos, para tratar dos principais temas nessa área.
A evolução do sistema de regulação no país consiste, sem dúvida, em
um tema altamente complexo, mas
fundamental para desenvolver um
ambiente de negócios mais atrativo
para o capital privado, aumentar a
credibilidade do país e gerar mais
empregos.
JORGE GERDAU JOHANNPETER, 70, é presidente do Grupo Gerdau, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e coordenador da Ação Empresarial.
jorge.gerdau@gerdau.com.br
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