São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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POLÍTICA MONETÁRIA

Tarifa de energia elétrica deve subir 19,4%, prevê banco

Dólar pressiona inflação, afirma BC

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A recente alta do dólar deve provocar aumentos nos preços dos combustíveis e nas tarifas de energia elétrica nos próximos meses. Segundo o Banco Central, esses reajustes farão com que a inflação deste ano fique próxima dos 5,5% previstos pelo teto da meta fixada pelo governo.
As projeções constam da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) realizada na semana passada. Na ocasião, os diretores do BC decidiram manter os juros básicos da economia em 18,5%.
De acordo com o documento, o receio de que a alta do dólar provoque um aumento da inflação impediu um corte nos juros. Para o BC, ainda há dúvidas quanto ao "caráter temporário da variação cambial e à magnitude do seu repasse aos preços".
Em sua reunião de abril, o Copom estimava que o preço da gasolina iria sofrer uma redução de 6,6% ao longo de todo o ano de 2002. Essa projeção foi feita com base na queda dos preços ocorrida em janeiro e fevereiro.
Desde então, o dólar acumulou alta de 9%. Por isso, o BC reviu para 4,5% a projeção para a queda no preço da gasolina. Essa revisão embute um reajuste de cerca de 2% que, nas contas do BC, deve ocorrer até o final do ano.
Também por causa da alta do dólar, o BC passou de 18% para 19,4% o aumento esperado para as tarifas de energia elétrica. Para o gás de cozinha, o reajuste previsto passou de 26,5% para 28% -sendo que um aumento de 21,5% já ocorreu até agora.
Segundo o BC, o impacto do dólar sobre as tarifas públicas é mais imediato do que nos demais preços praticados na economia. No caso da gasolina, os reajustes são calculados com base na variação do preço do petróleo no mercado internacional e da cotação da moeda norte-americana.
Nas demais tarifas, os reajustes são feitos com base em parâmetros fixados nos contratos firmados com as prestadoras dos serviços. Na maioria das vezes, esses parâmetros são a taxa de câmbio ou o IGP, índice de preços bastante influenciado pela alta do dólar.

Inflação
Por causa dos reajustes das tarifas, o BC elevou sua projeção de inflação para este ano. Segundo a ata da reunião do Copom, o aumento do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deverá ficar "em torno de 5,5%". Até o mês passado, a projeção estava em 5%.
A meta para a inflação de 2002 é de 3,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. O BC já disse, porém, que choques temporários sobre o nível de preços impedem que o centro da meta seja alcançado. Segundo a instituição, os juros básicos da economia são calibrados para manter a inflação entre 4,5% e 5% neste ano.
Na reunião da semana passada, o Copom manteve os juros e adotou um instrumento chamado viés de baixa. O mecanismo permite que o presidente do BC reduza os juros antes da próxima reunião do Copom, em julho.



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