São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2008

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Petróleo e pessimismo sobre os EUA derrubam mercados

Bolsa de NY recua 3% e fecha no pior nível em 21 meses; Bovespa perde 2,89%

Goldman Sachs recomenda venda de ações do Citigroup e da GM e afeta papéis do setor financeiro; Bolsas também caem na Europa

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Perdas expressivas marcaram as operações nas Bolsas de Valores pelo mundo. A Bovespa encerrou com baixa de 2,89% e quase zerou seus ganhos em 2008, que agora são de apenas 0,10%. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou a 63.946 pontos, seu mais baixo nível desde o fim de abril.
No mercado norte-americano, epicentro das turbulências financeiras desde o ano passado, os pregões foram muito decepcionantes. A Bolsa eletrônica Nasdaq, dos papéis de companhias tecnológicas, teve queda de 3,33% ontem.
O índice Dow Jones, que viu as 30 ações que o compõem caírem, fechou com baixa de 3,03% e recuou a seu menor nível em 21 meses.
Na Europa, o dia não foi melhor, com os mercados acionários recuando a seu pior patamar desde 2005. A Bolsa de Londres terminou suas operações com desvalorização de 2,61%; Frankfurt caiu 2,39%.
Os EUA divulgaram que seu PIB cresceu a uma taxa anual de 1% no primeiro trimestre, número melhor que o projetado antes. Mas o mercado não se sensibilizou com o dado.
O dia começou ruim nos mercados com o Goldman Sachs se mostrando pessimista em relação ao setor bancário e recomendando a seus investidores a venda de ações do Citigroup e da General Motors -o resultado foi a queda de 10,77% para as ações da GM.
No setor bancário, os papéis do Merrill Lynch perderam 6,80%, seguidos por Bank of America, com baixa de 6,76%, e Citigroup (-6,26%).
A retomada da escalada do petróleo aprofundou o mau desempenho do mercado. O barril de petróleo rompeu a barreira de US$ 140 durante as operações, para fechar negociado a US$ 139,64, em alta de 3,78%. Em Londres, houve apreciação de 4,09% no produto.
O mês tem sido consideravelmente negativo para os mercados acionários. A Bovespa, que em vários momentos se destacou como uma das Bolsas de melhor desempenho no ano, sofre com perdas de 11,91% em junho. O Dow Jones está com queda de 9,38% no mês; a Bolsa de Londres tem baixa mensal de 8,84%.
"Acredito que a cautela e a volatilidade vão permear o ambiente de negócios nos mercados mundiais ainda por algum tempo, já que as pressões dos preços de energia e do petróleo devem prosseguir e o dólar deve se manter enfraquecido", diz Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.
Operadores de corretoras afirmaram ter observado ontem pesadas saídas de capital externo da Bovespa. Até o dia 24, os estrangeiros mais tinham vendido que comprado ações brasileiras no montante de R$ 7,4 bilhões, um dos piores saldos da história.

Ações depreciadas
Apenas 4 das 66 ações que formam o índice Ibovespa escaparam de fechar em baixa no pregão de ontem.
O movimento de venda de ações brasileiras não tem poupado nem as empresas altamente lucrativas e boas pagadoras de dividendos, como as do setor bancário. Entre os maiores do setor, ontem houve queda de 5,49% para Itaú PN, de 4,04% para Unibanco UNT e de 3,88% nas ações preferenciais do Bradesco.
As ações de maior peso na composição do índice Ibovespa, o principal da Bolsa paulista, tiveram resultados distintos. Com a alta do petróleo no exterior, que costuma ser um fator favorável, as ações da Petrobras registraram alta de 0,20% (ON) e recuo moderado de 0,11% (PN).
No caso dos papéis da Vale, as perdas foram pesadas, em consonância com o pregão negativo. A ação preferencial "A" da Vale caiu 4,97%, e a ordinária perdeu 3,54%.
O mercado de câmbio também não resistiu ao dia negativo. Assim, o dólar conseguiu se recuperar um pouco em relação ao real, indo a R$ 1,602, em alta de 0,63%.


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