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Goldman Sachs não descarta calote brasileiro
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Se o Brasil não fechar o acordo
com o FMI (Fundo Monetário Internacional) o mais rápido possível, não se pode afastar a hipótese
de uma crise mais séria no balanço de pagamentos e que o país seja
obrigado a uma reestruturação
forçada da dívida. Ou seja, a moratória.
A afirmação é do economista
Paulo Leme, da Goldman Sachs,
ao analisar a atual crise pela qual
passa o Brasil. "A reestruturação
da dívida é uma hipótese improvável, mas não impossível", afirmou. Trata-se do terceiro banco
americano que faz essa advertência. Os outros dois foram o Bear
Stearns e o Lehman Brothers.
Segundo Paulo Leme, a visita de
Anne Krueger, vice-diretora gerente do FMI, ao Brasil esta semana gerou muita expectativa no
mercado de fechamento de um
acordo com a instituição.
O economista afirmou que as
declarações do presidente Fernando Henrique Cardoso de que
não eram de seu conhecimento as
negociações com o FMI e a entrevista ontem do ministro da Fazenda, Pedro Malan, frustraram
as expectativas do mercado. "Foi
como água no chope", disse.
Apesar de não eliminar a possibilidade de reestruturação da dívida -ele evita falar a palavra
moratória-, Leme disse que o
governo tem todos os meios para
evitar essa possibilidade. "A vacina para isso chama-se acordo
com o FMI", disse.
Para Leme, o maior empecilho
hoje nas negociações com o FMI é
o fato de o governo brasileiro estar tendo dificuldades em obter
um compromisso formal da oposição em apoiar o acordo com o
Fundo. Leme não tem dúvidas de
que há uma grande disposição do
Fundo para fechar um acordo
com o Brasil.
O economista da Goldman
Sachs diz que o mais preocupante
no atual quadro econômico do
Brasil é a conta de capital. Os bancos e as empresas estão tendo
problemas em renovar as linhas de crédito externas, o investimento direto estrangeiro está em queda, as empresas estão pagando antecipadamente seus compromissos externos e, além disso, está ocorrendo fuga de capitais. Tudo
isso se reflete na taxa de câmbio.
Para Paulo Leme, essa situação do Brasil é reflexo tanto da crise externa, como das incertezas do quadro eleitoral. "Noventa dias até as eleições é um tempo muito grande para esperar", afirmou o economista da Goldman Sachs.
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