São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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Goldman Sachs não descarta calote brasileiro

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Se o Brasil não fechar o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) o mais rápido possível, não se pode afastar a hipótese de uma crise mais séria no balanço de pagamentos e que o país seja obrigado a uma reestruturação forçada da dívida. Ou seja, a moratória.
A afirmação é do economista Paulo Leme, da Goldman Sachs, ao analisar a atual crise pela qual passa o Brasil. "A reestruturação da dívida é uma hipótese improvável, mas não impossível", afirmou. Trata-se do terceiro banco americano que faz essa advertência. Os outros dois foram o Bear Stearns e o Lehman Brothers.
Segundo Paulo Leme, a visita de Anne Krueger, vice-diretora gerente do FMI, ao Brasil esta semana gerou muita expectativa no mercado de fechamento de um acordo com a instituição.
O economista afirmou que as declarações do presidente Fernando Henrique Cardoso de que não eram de seu conhecimento as negociações com o FMI e a entrevista ontem do ministro da Fazenda, Pedro Malan, frustraram as expectativas do mercado. "Foi como água no chope", disse.
Apesar de não eliminar a possibilidade de reestruturação da dívida -ele evita falar a palavra moratória-, Leme disse que o governo tem todos os meios para evitar essa possibilidade. "A vacina para isso chama-se acordo com o FMI", disse.
Para Leme, o maior empecilho hoje nas negociações com o FMI é o fato de o governo brasileiro estar tendo dificuldades em obter um compromisso formal da oposição em apoiar o acordo com o Fundo. Leme não tem dúvidas de que há uma grande disposição do Fundo para fechar um acordo com o Brasil.
O economista da Goldman Sachs diz que o mais preocupante no atual quadro econômico do Brasil é a conta de capital. Os bancos e as empresas estão tendo problemas em renovar as linhas de crédito externas, o investimento direto estrangeiro está em queda, as empresas estão pagando antecipadamente seus compromissos externos e, além disso, está ocorrendo fuga de capitais. Tudo isso se reflete na taxa de câmbio.
Para Paulo Leme, essa situação do Brasil é reflexo tanto da crise externa, como das incertezas do quadro eleitoral. "Noventa dias até as eleições é um tempo muito grande para esperar", afirmou o economista da Goldman Sachs.



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