São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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COLAPSO DA ARGENTINA

Decreto adiando saques é inconstitucional, diz Justiça

Juíza libera recursos contra "corralito"

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

A Justiça argentina declarou inconstitucional o decreto presidencial que adiava por 120 dias úteis o pagamento de recursos desbloqueados do "corralito" por meio de ações judiciais.
A decisão vale para todos que têm depósitos bloqueados nos bancos desde dezembro e que, agora, novamente terão direito de acionar a Justiça para escapar das restrições aos saques.
O decreto visava facilitar as negociações do governo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que exige uma solução para as restrições bancárias e a recuperação da confiança no sistema financeiro para liberar uma nova ajuda financeira ao país.
No entanto, a vida do decreto foi curtíssima. A nova legislação, publicada na última quarta-feira, recebeu uma série de críticas de parlamentares, juristas e até mesmo do Banco Central por representar uma intervenção no Poder Judicial, já que impedia o cumprimento de sentenças favoráveis a correntistas até janeiro.
Ontem, a juíza Emilia García, de uma repartição judicial especializada em processos contra o "corralito", decidiu atender a ação movida pelo ombudsman da Nação, Eduardo Mondino, que pedia a "inconstitucionalidade total" do decreto.
O governo deverá agora recorrer da decisão. Segundo o ministro Roberto Lavagna (Economia), a fuga de quase 5 bilhões de pesos dos bancos neste ano por meio de processos colocou a saúde do sistema financeiro em risco e tem impedido que o "corralito" seja flexibilizado para todos.

Desemprego
O governo mostrou preocupação com o índice recorde de desemprego divulgado pelo Indec (o IBGE local) na última quinta-feira, que apontou para uma desocupação de 21,5% em maio.
O chefe de gabinete, Alfredo Atanasof, disse que a Argentina "implodiu" em dezembro de 2001, quando decretou a moratória e o "corralito". Ele, porém, diz que "o pior já passou" e que o emprego e a indústria deverão se recuperar nos próximos meses.

Embargado
A Justiça italiana decidiu embargar os bens do governo argentino em toda a União Européia devido à moratória da dívida externa. Segundo o jornal italiano "Il Messaggero", a ação foi movida em conjunto por 350 mil pequenos e médios investidores italianos que possuem 12 bilhões de euros em títulos do governo argentino, cujo pagamento está suspenso desde dezembro.



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