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AMÉRICA LATINA
Brasil tenta fazer com que país vizinho volte atrás nas restrições a importações dos países do bloco
País busca Mercosul contra Argentina
da Sucursal de Brasília
O governo brasileiro busca
apoio dos demais parceiros do
Mercosul (Uruguai e Paraguai)
para forçar a Argentina a recuar
na adoção de salvaguardas contra
a importação de produtos do grupo. Na avaliação do Ministério
das Relações Exteriores, há séria
ameaça de retrocesso no processo
de integração comercial do bloco.
Até que o problema seja resolvido, o Brasil decidiu não participar
de nenhuma reunião do Mercosul
nem com a Argentina para tratar
de outros assuntos. Isso vai paralisar a negociação do acordo automotivo com a Argentina.
Embora insista em que a adoção
de salvaguardas não tem amparo
legal, o Brasil descarta, por enquanto, a possibilidade de retaliar
as exportações do segundo maior
parceiro comercial do país.
""A retaliação apenas agravaria a
situação já delicada", disse o embaixador Graça Lima, subsecretário para assuntos de integração
econômica e de comércio exterior
do Itamaraty.
Segundo avaliação do ministério, as exportações brasileiras de
calçados, papel e celulose seriam
os principais alvos da proteção
comercial argentina, classificada
de ""violenta" e ""descabida".
O primeiro passo para questionar a proteção comercial é a convocação, na semana que vem, de
reunião extraordinária dos países
do Mercosul. A iniciativa da convocação caberá ao Uruguai.
O fórum escolhido, o Grupo
Mercado Comum, é técnico e pode eventualmente acolher uma
queixa formal contra a decisão argentina. A reunião funcionaria
como pressão contra o governo
argentino, que teria de se explicar.
O desfecho idealizado pelo Itamaraty seria um recuo da Argentina. Ou, no mínimo, o vizinho
deveria excluir da proteção comercial as exportações dos parceiros do Mercosul, sugerem os
diplomatas brasileiros.
""O fim da união aduaneira é
uma hipótese remota neste momento, mas, evidentemente, se a
questão não for tratada de maneira adequada, representará um retrocesso", avaliou Graça Lima.
""Medidas como essa têm potencial destrutivo", disse.
Para adotar salvaguardas, a Argentina lançou mão de uma resolução do Comitê de Representantes da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração) de
1987. Mas esse mecanismo foi
proibido depois nas relações entre parceiros do Mercosul.
Segundo o comunicado oficial
do Itamaraty, a medida de salvaguarda aplicada pela Argentina é
"inaceitável no desenvolvimento
do processo de integração".
Essa não será a primeira vez que
um país recorre ao tribunal arbitral do Mercosul para solucionar
uma polêmica. Este ano, a Argentina abriu o primeiro processo
contra o Brasil e ganhou.
Segundo o subsecretário de comércio exterior, Félix Peña, o Brasil ainda não apresentou os argumentos para derrubar a salvaguarda argentina. "A salvaguarda
dos têxteis é permita pela legislação da OMC", disse ele.
Colaborou André Soliani, de Buenos Aires
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