São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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Crise deve ter efeito benéfico, afirma Agnelli

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

Um menor crescimento da economia americana nos próximos anos, sem que haja recessão, será benéfica para o equilíbrio da demanda e da oferta no mundo, disse ontem o presidente da Vale, Roger Agnelli. Ele avaliou que é necessária uma "calmaria", já que o forte crescimento em diversas regiões, como vinha sendo observado nos últimos tempos, provocava gargalos logísticos.
"O que está acontecendo até aqui é que está se tirando um pouco do excesso de espuma que se tinha. Está tirando o colarinho, vai ficando o chope puro. Ajustando demanda e oferta, e liquidez do outro lado. Com as economias americana, européia, da Ásia e América Latina crescendo ao mesmo tempo, claramente é impossível atender, porque todas as logísticas de todos os países estavam no gargalo", disse.
Agnelli falou que os mercados emergentes passarão pela crise sem grandes turbulências, em razão da demanda local forte e da menor dependência dos Estados Unidos, principalmente por parte da China.
A menor demanda americana e européia ajustará a forte pressão por matérias-primas, e as economias emergentes poderão crescer sem inflação, ressaltou o executivo.
"Se os Estados Unidos se acalmarem e não crescerem tanto quanto vinham crescendo, sem ficar em recessão, mas num crescimento baixo, acho que dá espaço para outras economias continuarem crescendo sem inflação." Para ele, a economia dos EUA levará mais dois anos para sair da crise.
O cenário turbulento terá efeito no lado real das economias de todo o mundo, mas que, segundo Agnelli, não é nada que não possa ser administrado, principalmente diante do crescimento em outras regiões que compensam os ajustes no mercado americano.
Em relação a possíveis movimentações no mercado de mineração, Agnelli disse que pouca coisa muda. A Vale continua avaliando opções de compra, e segundo ele, está numa situação boa e capitalizada.
Sobre os planos da Vale para o Brasil, Agnelli destacou que a intenção é ampliar os investimentos. Para ele, deve-se ter calma e tranqüilidade, já que as coisas "vão bem" no país.
"O mundo continua, e nós vamos passar por isso. Vamos ter que passar por isso. Aqui no Brasil as coisas estão bem, a demanda interna é forte, investimentos acontecem. Pelo lado da Vale, devemos aumentar os investimentos da companhia, estamos supertranqüilos e otimistas. O que vier, a Vale está pronta", frisou.

China
Agnelli disse ontem que a ameaça por parte de siderúrgicas chinesas de interrupção das importações de minério de ferro produzido pela empresa não passa de "oba-oba". O executivo ressaltou que a Vale é o principal fornecedor da matéria-prima para a China, e caso os embarques sejam suspensos, o setor siderúrgico local pára.
"Vamos ser sinceros. Isso tudo é muito oba-oba. Baixa a bola, as coisas andam com naturalidade, com tranqüilidade", afirmou, no lançamento do relatório de sustentabilidade da companhia de 2007.


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