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Consumidores formam fila para comprar iPhone no 1º dia de venda
Para analistas, imposto, subsídio e modismo contribuem para preço maior no Brasil
MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O primeiro dia de venda do
iPhone exigiu paciência dos
consumidores. Na loja da Claro
no shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, alguns clientes aguardaram cerca de quatro
horas para comprar o celular da
Apple. Nas lojas da Vivo, não
havia fila. A operadora disse
que agendou a compra do iPhone para clientes cadastrados.
O aparelho trouxe um aumento médio de 30% no volume de vendas da Vivo ontem. Já
a Claro não divulgou o balanço.
O estudante de economia
Cassius Crosara, 20, chegou à
loja da Claro às 10h30 para pegar uma senha e garantir o seu
iPhone. Após aguardar cerca de
quatro horas, conseguiu comprar o aparelho. Ele conta que
pediu à irmã, que vive nos Estados Unidos, que lhe comprasse
o celular, mas o produto já havia se esgotado em muitas lojas
por lá. Por isso, decidiu enfrentar a fila e comprar no primeiro
dia de vendas, para garantir que
teria o aparelho.
O empresário Rogério Rocha,
29, procurou o iPhone nas lojas
da Claro e da Vivo de dois shoppings em São Paulo, sem sucesso. "Na Claro, disseram-me que
já tinha acabado a cota de vendas para o dia. E, na Vivo, eles
estão dando prioridade para as
pessoas que já são clientes. Tive
que entrar na lista de espera."
Os irmãos Paula Cristina, 21,
Paula Augusta, 23, e Paulo Marques, 19, também entraram na
fila para comprar o iPhone. "Ficamos muito tempo esperando
o lançamento no Brasil, por isso viemos no primeiro dia", disse Paula Cristina.
Todos eles estão dispostos a
pagar os preços cobrados pelas
operadoras brasileiras por um
iPhone. A Vivo cobra entre R$
899 e R$ 2.199 pelo aparelho,
enquanto o iPhone da Claro
custa de R$ 1.000 a R$ 2.599.
Em ambas, os preços superam
os praticados nos Estados Unidos - a partir de US$ 199.
"Custo-Brasil"
A Claro e a Vivo afirmam que
a diferença de preços é resultado da carga tributária do país.
O presidente da consultoria
Teleco, Eduardo Tude, reconhece que os impostos encarecem a venda do produto no
Brasil, mas cita os subsídios
menores nos EUA como outro
fator para o diferencial de preços. "O iPhone é subsidiado em
todo o mundo. Mas cada operadora calibra o valor do subsídio
conforme quiser."
Segundo ele, as operadoras
dos EUA oferecem um subsídio
maior porque os americanos
têm um gasto médio com telefonia móvel mais alto -US$ 50
por mês, ante R$ 27 no Brasil,
sem impostos.
Para Luiz Henrique Souza,
do escritório de direito digital
Patrícia Peck Pinheiro, os subsídios são menores no Brasil
porque a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)
limita os contratos de telefonia
a 12 meses. "Você compra um
celular barato nos EUA porque
assina contratos de dois anos."
Souza recomenda cuidado
aos consumidores que comprarem o produto no exterior, para
não arcar com custos de manutenção da conta. Segundo ele, o
aparelho da Apple nos EUA sairia por cerca de US$ 600, sem o
contrato de fidelidade de dois
anos com a AT&T.
O advogado tributarista Anderson de Albuquerque alerta
os consumidores para prestarem atenção nos custos de ligações dos planos oferecidos e
não apenas no preço final do
iPhone. Segundo ele, a variação
de preços das ligações entre
uma operadora e outra chega a
até 40%.
"As vezes o consumidor paga
menos no celular, mas arca
com custos maiores nos minutos que utiliza na comparação
com a concorrência. No longo
prazo, pode ficar mais caro."
Além de impostos e subsídios, o modismo está inflando o
preço do iPhone no Brasil. "O
iPhone foi lançado agora. É natural que as operadores subsidiem menos o custo para pessoas que estão ansiosas e dispostas a pagar qualquer preço",
diz Tude. Por isso, preço mais
baixo só para os consumidores
pacientes, segundo ele.
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