São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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Consumidores formam fila para comprar iPhone no 1º dia de venda

Para analistas, imposto, subsídio e modismo contribuem para preço maior no Brasil

MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O primeiro dia de venda do iPhone exigiu paciência dos consumidores. Na loja da Claro no shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, alguns clientes aguardaram cerca de quatro horas para comprar o celular da Apple. Nas lojas da Vivo, não havia fila. A operadora disse que agendou a compra do iPhone para clientes cadastrados.
O aparelho trouxe um aumento médio de 30% no volume de vendas da Vivo ontem. Já a Claro não divulgou o balanço.
O estudante de economia Cassius Crosara, 20, chegou à loja da Claro às 10h30 para pegar uma senha e garantir o seu iPhone. Após aguardar cerca de quatro horas, conseguiu comprar o aparelho. Ele conta que pediu à irmã, que vive nos Estados Unidos, que lhe comprasse o celular, mas o produto já havia se esgotado em muitas lojas por lá. Por isso, decidiu enfrentar a fila e comprar no primeiro dia de vendas, para garantir que teria o aparelho.
O empresário Rogério Rocha, 29, procurou o iPhone nas lojas da Claro e da Vivo de dois shoppings em São Paulo, sem sucesso. "Na Claro, disseram-me que já tinha acabado a cota de vendas para o dia. E, na Vivo, eles estão dando prioridade para as pessoas que já são clientes. Tive que entrar na lista de espera."
Os irmãos Paula Cristina, 21, Paula Augusta, 23, e Paulo Marques, 19, também entraram na fila para comprar o iPhone. "Ficamos muito tempo esperando o lançamento no Brasil, por isso viemos no primeiro dia", disse Paula Cristina.
Todos eles estão dispostos a pagar os preços cobrados pelas operadoras brasileiras por um iPhone. A Vivo cobra entre R$ 899 e R$ 2.199 pelo aparelho, enquanto o iPhone da Claro custa de R$ 1.000 a R$ 2.599. Em ambas, os preços superam os praticados nos Estados Unidos - a partir de US$ 199.

"Custo-Brasil"
A Claro e a Vivo afirmam que a diferença de preços é resultado da carga tributária do país.
O presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, reconhece que os impostos encarecem a venda do produto no Brasil, mas cita os subsídios menores nos EUA como outro fator para o diferencial de preços. "O iPhone é subsidiado em todo o mundo. Mas cada operadora calibra o valor do subsídio conforme quiser."
Segundo ele, as operadoras dos EUA oferecem um subsídio maior porque os americanos têm um gasto médio com telefonia móvel mais alto -US$ 50 por mês, ante R$ 27 no Brasil, sem impostos.
Para Luiz Henrique Souza, do escritório de direito digital Patrícia Peck Pinheiro, os subsídios são menores no Brasil porque a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) limita os contratos de telefonia a 12 meses. "Você compra um celular barato nos EUA porque assina contratos de dois anos."
Souza recomenda cuidado aos consumidores que comprarem o produto no exterior, para não arcar com custos de manutenção da conta. Segundo ele, o aparelho da Apple nos EUA sairia por cerca de US$ 600, sem o contrato de fidelidade de dois anos com a AT&T.
O advogado tributarista Anderson de Albuquerque alerta os consumidores para prestarem atenção nos custos de ligações dos planos oferecidos e não apenas no preço final do iPhone. Segundo ele, a variação de preços das ligações entre uma operadora e outra chega a até 40%.
"As vezes o consumidor paga menos no celular, mas arca com custos maiores nos minutos que utiliza na comparação com a concorrência. No longo prazo, pode ficar mais caro."
Além de impostos e subsídios, o modismo está inflando o preço do iPhone no Brasil. "O iPhone foi lançado agora. É natural que as operadores subsidiem menos o custo para pessoas que estão ansiosas e dispostas a pagar qualquer preço", diz Tude. Por isso, preço mais baixo só para os consumidores pacientes, segundo ele.


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