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"Associações" dão golpes em empresas
Falsas entidades imitam as verdadeiras e remetem boletos a novos empreendedores para cobrar taxas de até R$ 509
Associação Comercial de SP alerta sobre fraudes e afirma que ao menos dez dessas entidades atuam de forma irregular no Estado
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
É cada vez mais comum o
surgimento de falsas associações no Estado de São Paulo
criadas para dar golpes em empresas recém-criadas.
Com acesso on-line às informações da Junta Comercial e
do "Diário Oficial" do Estado de
São Paulo, falsas associações
enviam mensalmente milhares
de boletos -imitando os de
verdadeiras associações- a novos empreendedores na tentativa de receber algum dinheiro.
Só no primeiro semestre deste ano, 90,76 mil novos empreendedores paulistas que tiveram aprovação de seus contratos de constituição na Junta
Comercial foram alvo potencial
desses "golpes".
A Folha teve acesso a boletos
recebidos por 13 empresas recém-criadas de diversas áreas.
As cobranças foram enviadas
por oito falsas associações, segundo a Associação Comercial
de São Paulo (ACSP).
Os valores variam de R$
179,98 a R$ 508,96 e foram
emitidos a título de "contribuição anual" ou "contribuição
empresarial".
Assim como as verdadeiras
associações, as falsas entidades
oferecem serviços, como o que
aprova ou não a concessão de
crédito para pessoas físicas e
jurídicas e outros benefícios.
Só que, quando o sócio vai
buscar os serviços, estes não
estão disponíveis. Essas associações funcionam em pequenas salas, geralmente no centro
de São Paulo, e mudam de endereço quando são "incomodadas" pelas entidades que têm o
direito de representar determinada categoria econômica.
"Fomos à Polícia, à Justiça e
ao Ministério Público e não
conseguimos acabar com essas
falsas associações", afirma Carlos Celso Orcesi da Costa, superintendente jurídico da ACSP.
Quem mais incomoda a
ACSP, segundo Costa, é a
Acesp (Associação Comercial
do Estado de São Paulo), criada
há 17 anos. "Essa associação,
que só envia boletos, não presta serviço algum ao sócio."
Após anos de disputa jurídica, a ACSP, criada em 1894,
conseguiu na Justiça o direito
de impedir que a Acesp utilizasse nome semelhante ao dela
(a diferença é somente a letra
"e" no meio da sigla, em alusão
a uma atuação estadual) para
efetuar cobranças de serviços
por meio do envio de boletos.
Acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, de
janeiro deste ano, cita que "não
foi demonstrada (...) a efetiva
representação da Associação
Comercial do Estado de São
Paulo [Acesp]".
A ACSP também identificou
que atuam de forma irregular a
Aceb (Associação Comercial e
Empresarial do Brasil), a Associação das Empresas do Com. e
Serv. SP, a Abrascom (Associação Brasileira do Comércio), a
Associação Nacional da Indústria e Comércio e a Acesp (Associação Comercial do Estado
de São Paulo).
"O alerta para novos empreendedores é que a filiação a
qualquer tipo de associação é
facultativa", afirma Valdir Saviolli, presidente da Junta Comercial de São Paulo.
Colaborou MÁRIO KANNO,
editor-assistente de Arte
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