São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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Faturamento das companhias deve cair 25% com "energia nova"

DA REPORTAGEM LOCAL

No próximo ano, as geradoras federais terão uma redução de 25% no seu faturamento, segundo o presidente da Abrage (Associação Brasileira das Grandes Empresas Geradoras de Energia Elétrica), Flávio Neiva. "As empresas ficarão numa situação difícil", diz.
Essa queda de faturamento será resultado da decisão do governo de reduzir em 25% os contratos iniciais de fornecimento de energia às distribuidoras, que foram firmados à época da privatização.
Essa "energia velha" seria substituída pela "energia nova", das termelétricas a serem implantadas até 2004. A medida foi adotada antes do racionamento como forma de estimular os investimentos no PPT (Programa Prioritário de Termeletricidade).
A energia que será liberada dos contratos iniciais no ano que vem será vendida em leilões pelo MAE. "O problema é que não sabemos quanto vamos conseguir recolocar dessa energia", diz Neiva. O primeiro leilão do MAE para venda dessa energia, realizado no dia 19 de setembro, foi um fiasco. Só 33,3% dos lotes ofertados pelas geradoras foram vendidos.
O preço pedido, em torno de R$ 48 o megawatt-hora, desestimulou as distribuidoras e comercializadoras de energia. Afinal, no mercado livre do MAE o preço está em torno dos R$ 4 o megawatt-hora. "Há um imediatismo muito grande: estamos vendendo energia para 2007 e o preço do MAE vale para hoje. Se parar de chover e os reservatórios das hidrelétricas baixarem, o preço subirá", acrescenta Neiva.

Superoferta
Segundo ele, a "situação conjuntural de superoferta está impedindo que se contrate energia de longo prazo". O resultado disso é que as geradoras terão prejuízo e o PPT não avança. O programa das termelétricas até foi reduzido pelo governo.
Em abril, o programa previa a instalação de 40 termelétricas, capazes de gerar 13.000 MW até o final de 2004. Em julho, o governo anunciou que o aumento na geração termelétrica deverá ficar entre 8.000 MW e 9.000 MW.
Diante desse quadro, a Abrage, informa Neiva, vai sugerir ao governo que compre a energia liberada dos contratos iniciais, para formar uma reserva estratégica. "Se essa energia não for vendida, as geradoras terão de desmobilizar equipamentos", diz ele.
A entidade vai propor, também, que as distribuidoras contatem 100% do consumo previsto para os próximos seis anos, e não os atuais 85%.


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