São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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PREVIDÊNCIA PRIVADA

Prejuízo é de janeiro a julho deste ano; valor equivale a 7% do patrimônio em dezembro de 2001

Perda de fundos em Bolsas é de R$ 11,8 bi

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os fundos de pensão acumularam, entre janeiro e julho deste ano, perdas de R$ 11,8 bilhões decorrentes de aplicações em Bolsas de Valores. O resultado faz parte de estimativa da SPC (Secretaria de Previdência Complementar), calculada a pedido da Folha.
No mesmo período do ano passado, os fundos também registraram perdas em aplicações no mercado de ações, mas o estrago foi menor: R$ 2,9 bilhões. O montante acumulado neste ano representa 7% do patrimônio total das entidades em dezembro de 2001.
O secretário de Previdência Complementar, José Roberto Savóia, disse que a perda dos fundos com as Bolsas ainda não foi "realizada", e as entidades podem se recuperar no médio prazo. Caso isso não aconteça, os fundos serão obrigados a elevar as contribuições de seus participantes e a exigir aporte de recursos por parte das empresas patrocinadoras.
No próximo mês, a SPC deverá definir as regras para o ajuste dos fundos no caso de perdas em suas aplicações. Será criado um "gatilho" a ser acionado quando os resultados negativos oscilarem acima de determinada margem.
"Haverá uma margem de flutuação, que será inferior a 5% das reservas garantidoras do pagamento dos benefícios. Quando a depreciação do patrimônio superar essa margem, os fundos serão obrigados a contratar essa insuficiência [aumento de contribuição e aporte das patrocinadoras"", explicou o secretário.
A nova regra começará a ser aplicada já nos resultados do ano passado apresentados pelos fundos à SPC. Em 2001, os fundos fecharam o ano com insuficiência de reservas para pagar benefícios estimada em R$ 3,9 bilhões. Esse resultado foi fortemente influenciado pela queda nas Bolsas no ano passado.

Rentabilidade
O levantamento das perdas dos fundos foi preparado com base na variação do Ibovespa (índice da Bolsa de Valores de São Paulo) entre janeiro e julho deste ano.
A SPC ressalva que a rentabilidade da carteira de renda variável dos fundos desde janeiro do ano passado, no entanto, tem ficado acima do Ibovespa.
Savóia lembra que, de janeiro do ano passado a julho deste ano, os fundos vêm voluntariamente reduzindo seus investimentos em ações.
O volume de recursos aplicados em renda variável no período caiu de R$ 50,27 bilhões para R$ 37,7 bilhões. "Parte foi movimento de redução, mas também há o impacto das perdas", detalhou o secretário.
Nas últimas semanas, no entanto, administradores de fundos de pensão vêm sinalizando que pretendem voltar de forma mais agressiva ao mercado de capitais.
"Essa volta precisa ser feita com muita cautela. É preciso haver uma seleção criteriosa das empresas cujos papéis serão comprados. Os fundos precisam avaliar se essas empresas estão cumprindo normas de boa governança."


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