São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009

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Roubini vê riscos em operações com dólar

Economista afirma que "carry trade" com moeda pode provocar crise no preço de ativos como petróleo

DA REDAÇÃO

O economista Nouriel Roubini afirmou que o atual movimento de tomar empréstimo em dólar e investir em ativos em outras partes do mundo poderá detonar uma forte queda no valor desses investimentos se a moeda norte-americana voltar a se valorizar.
"Nós estamos vendo a mãe de todos os "carry trades'", disse ontem o economista, que ficou famoso por ser um dos primeiros a prever a crise global. "Carry trade" é uma operação em que o investidor pega empréstimos em moedas de países com juros muito baixos (caso hoje dos EUA, onde a taxa, de zero a 0,25%, está no menor nível histórico) e aplica em locais de juros mais altos, ganhando com essa diferença.
Para Roubini, os preços de ativos (como ações e commodities) vêm sendo inflados por essa forma de financiamento barato, mas poderá ocorrer um "crash no mercado de todo o mundo" quando o dólar encerrar seu ciclo de desvalorização -a moeda americana chegou a ontem a atingir sua menor cotação em 14 meses na comparação com o euro.
O economista afirma, no entanto, que a possível crise não deve acontecer logo, já que a economia real continua muito fraca e o banco central norte-americano (o Fed) deve manter ainda por mais algum tempo a sua política de juros baixos.
"A realidade é que o dólar é a moeda de financiamento dos "carry trades". Por causa disso, a fraqueza do dólar vai continuar por um tempo", disse em entrevista ao canal de TV CNBC.
A moeda americana vem enfrentando nos últimos meses um processo de desvalorização parecido com o sofrido no início do ano passado. Com os sinais de recuperação da economia global, os investidores (que tinham aplicações em dólar como uma espécie de proteção contra os rumos da crise) vêm se desfazendo dessas aplicações, o que está derrubando a cotação da divisa da maior economia mundial -o real é a moeda que mais se valorizou ante o dólar neste ano.
Ontem, a moeda alcançou a sua menor cotação em relação ao euro desde agosto do ano passado, devido ao crescimento acima do previsto da economia sul-coreana e a notícia de que a China poderia diversificar mais suas reservas -o que significaria que a moeda americana perderia espaço naquelas que são as maiores reservas globais.
Porém, esse processo foi interrompido durante a tarde de ontem e o dólar chegou a se valorizar em 1,1% (para US$ $1,4845 por euro), a maior alta desde o início de setembro.

Com a Bloomberg



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