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Roubini vê riscos em operações com dólar
Economista afirma que "carry trade" com moeda pode provocar crise no preço de ativos como petróleo
DA REDAÇÃO
O economista Nouriel Roubini afirmou que o atual movimento de tomar empréstimo
em dólar e investir em ativos
em outras partes do mundo poderá detonar uma forte queda
no valor desses investimentos
se a moeda norte-americana
voltar a se valorizar.
"Nós estamos vendo a mãe de
todos os "carry trades'", disse
ontem o economista, que ficou
famoso por ser um dos primeiros a prever a crise global.
"Carry trade" é uma operação
em que o investidor pega empréstimos em moedas de países
com juros muito baixos (caso
hoje dos EUA, onde a taxa, de
zero a 0,25%, está no menor nível histórico) e aplica em locais
de juros mais altos, ganhando
com essa diferença.
Para Roubini, os preços de
ativos (como ações e commodities) vêm sendo inflados por essa forma de financiamento barato, mas poderá ocorrer um
"crash no mercado de todo o
mundo" quando o dólar encerrar seu ciclo de desvalorização
-a moeda americana chegou a
ontem a atingir sua menor cotação em 14 meses na comparação com o euro.
O economista afirma, no entanto, que a possível crise não
deve acontecer logo, já que a
economia real continua muito
fraca e o banco central norte-americano (o Fed) deve manter
ainda por mais algum tempo a
sua política de juros baixos.
"A realidade é que o dólar é a
moeda de financiamento dos
"carry trades". Por causa disso, a
fraqueza do dólar vai continuar
por um tempo", disse em entrevista ao canal de TV CNBC.
A moeda americana vem enfrentando nos últimos meses
um processo de desvalorização
parecido com o sofrido no início do ano passado. Com os sinais de recuperação da economia global, os investidores (que
tinham aplicações em dólar como uma espécie de proteção
contra os rumos da crise) vêm
se desfazendo dessas aplicações, o que está derrubando a
cotação da divisa da maior economia mundial -o real é a
moeda que mais se valorizou
ante o dólar neste ano.
Ontem, a moeda alcançou a
sua menor cotação em relação
ao euro desde agosto do ano
passado, devido ao crescimento
acima do previsto da economia
sul-coreana e a notícia de que a
China poderia diversificar mais
suas reservas -o que significaria que a moeda americana perderia espaço naquelas que são
as maiores reservas globais.
Porém, esse processo foi interrompido durante a tarde de
ontem e o dólar chegou a se valorizar em 1,1% (para US$
$1,4845 por euro), a maior alta
desde o início de setembro.
Com a Bloomberg
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