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Investimento deve ter fôlego limitado
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento de 2,8% nos investimentos no terceiro trimestre
deste ano em relação ao trimestre
anterior sinaliza o início de um ciclo que poderá prosseguir em
2004, segundo economistas e empresários ouvidos pela Folha.
Mas o fôlego desse novo ciclo
está limitado por fatores como:
demanda, juros ainda elevados,
amarras impostas pela burocracia
aos investimentos. "Com esses juros elevados, quem tem dinheiro
não vai investir em negócios de
risco", diz o empresário Antônio
Ermírio de Moraes.
Na sua opinião, "se o empresário pode obter resultados em cinco minutos no mercado financeiro, por que vai trabalhar dez horas
por dia [na indústria]? Ou botamos o Brasil para produzir ou vamos ser um bando de chupins".
Segundo o economista Cristiano Souza, da MB Consultoria, o
aumento nos investimentos
apontado pelo IBGE no terceiro
trimestre pode ser consequência
da elevação da produção de bens
de capital, que cresceu 1,8% no
período, e também da importação de máquinas e equipamentos.
Apenas em setembro, a importação desses bens aumentou 4,8%
em relação ao mesmo período do
ano passado.
O aquecimento da demanda
por equipamentos, porém, ainda
não visa a expansão da capacidade produtiva, pois a maioria dos
setores trabalha com ociosidade,
segundo Souza. "Os investimentos no setor de infra-estrutura,
neste ano são quase só em reposição e manutenção", diz José Augusto Marques, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base).
Dos US$ 14 bilhões que projetava investir neste ano, o setor dificilmente chegará a US$ 8 bilhões,
segundo Marques. "Não se investiu nada em estradas, portos, saneamento. Isso vai ter impacto no
crescimento da economia no ano
que vem", pondera.
Segundo ele, os setores exportadores da indústria de base -siderurgia, papel e celulose, petroquímica e mineração- foram os que
mantiveram investimentos em
expansão de capacidade neste
ano. "Esses segmentos têm um
volume regular de investimentos,
que poderia ser maior não fosse a
burocracia e o arcabouço jurídico
que tolhe a iniciativa privada."
Segundo Marques, cinco grupos -Petrobras, Vale do Rio Doce, Tractbel, Votorantim e Shell-
têm planos para investir U$ 5 bilhões no setor de infra-estrutura,
mas não avançam por conta da
burocracia e dificuldades em obter licenciamento ambiental.
A Tractbel, segundo seu presidente, Maurício Bähr, "briga para
conseguir licença ambiental e pôr
em marcha a construção de duas
hidrelétricas, nas quais deverá investir R$ 1,2 bilhão".
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