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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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Investimento deve ter fôlego limitado

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento de 2,8% nos investimentos no terceiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior sinaliza o início de um ciclo que poderá prosseguir em 2004, segundo economistas e empresários ouvidos pela Folha.
Mas o fôlego desse novo ciclo está limitado por fatores como: demanda, juros ainda elevados, amarras impostas pela burocracia aos investimentos. "Com esses juros elevados, quem tem dinheiro não vai investir em negócios de risco", diz o empresário Antônio Ermírio de Moraes.
Na sua opinião, "se o empresário pode obter resultados em cinco minutos no mercado financeiro, por que vai trabalhar dez horas por dia [na indústria]? Ou botamos o Brasil para produzir ou vamos ser um bando de chupins".
Segundo o economista Cristiano Souza, da MB Consultoria, o aumento nos investimentos apontado pelo IBGE no terceiro trimestre pode ser consequência da elevação da produção de bens de capital, que cresceu 1,8% no período, e também da importação de máquinas e equipamentos.
Apenas em setembro, a importação desses bens aumentou 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
O aquecimento da demanda por equipamentos, porém, ainda não visa a expansão da capacidade produtiva, pois a maioria dos setores trabalha com ociosidade, segundo Souza. "Os investimentos no setor de infra-estrutura, neste ano são quase só em reposição e manutenção", diz José Augusto Marques, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base).
Dos US$ 14 bilhões que projetava investir neste ano, o setor dificilmente chegará a US$ 8 bilhões, segundo Marques. "Não se investiu nada em estradas, portos, saneamento. Isso vai ter impacto no crescimento da economia no ano que vem", pondera.
Segundo ele, os setores exportadores da indústria de base -siderurgia, papel e celulose, petroquímica e mineração- foram os que mantiveram investimentos em expansão de capacidade neste ano. "Esses segmentos têm um volume regular de investimentos, que poderia ser maior não fosse a burocracia e o arcabouço jurídico que tolhe a iniciativa privada."
Segundo Marques, cinco grupos -Petrobras, Vale do Rio Doce, Tractbel, Votorantim e Shell- têm planos para investir U$ 5 bilhões no setor de infra-estrutura, mas não avançam por conta da burocracia e dificuldades em obter licenciamento ambiental.
A Tractbel, segundo seu presidente, Maurício Bähr, "briga para conseguir licença ambiental e pôr em marcha a construção de duas hidrelétricas, nas quais deverá investir R$ 1,2 bilhão".


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