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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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Consumo das famílias cai pela 9ª vez

DA REPORTAGEM LOCAL

O consumo das famílias brasileiras -que responde por cerca de 60% do PIB- recuou de julho a setembro 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado. É a nona queda consecutiva nessa comparação, ou seja, esse item vem caindo ante o mesmo período do ano anterior desde o terceiro trimestre de 2001.
Em relação ao segundo trimestre de 2003, o consumo ficou praticamente estagnado, com recuo de 0,2%, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE.
Especialistas são unânimes ao listar os motivos da retração da demanda: desemprego e renda em baixa, fatores que causam queda no consumo. Cria-se assim um círculo vicioso: recuo nas vendas da indústria e consequente queda no emprego e renda.
Os sintomas desse ciclo, que se intensificou de 2001 para cá, são vários -vão da queda de consumo de bens duráveis e não-duráveis à substituição de produtos por equivalentes mais baratos.
Segundo levantamento do Provar-USP (Programa de Administração de Varejo) realizado trimestralmente, houve queda na intenção de consumo para o quarto trimestre deste ano em seis dos oito segmentos pesquisados pelo programa em relação ao mesmo período de 2001.
Os consumidores pretendem consumir menos móveis, eletrodomésticos, material de construção, automóveis, informática e produtos de foto e ótica do que pretendiam há dois anos.
Segundo o economista Nelson Barrizelli, professor da USP (Universidade de São Paulo), "o mais preocupante é que a retração do consumo não atinge apenas bens duráveis, como eletrodomésticos, ou semiduráveis".
"O recuo chega à alimentação. De janeiro a outubro, os supermercados venderam 4% a menos em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Abras [Associação Brasileira de Supermercados]", diz Barrizelli.
Ao lado da queda no consumo, a troca de marcas tradicionais, apontam consultores de varejo, também é reflexo de queda de emprego e renda. Na segunda-feira, a Associação Comercial de São Paulo divulgou uma pesquisa em que 44% dos consumidores declararam ter trocado de marca em 2003. Desses, 91% tinham como objetivo reduzir despesas.
É por isso que as marcas próprias vem ganhando cada vez mais espaço nas prateleiras dos supermercados. No Carrefour, por exemplo, a participação desse segmento era de 4,5% em 2001. Saltou para 5,5% no ano passado e 7,5% neste ano.
As vendas do Pão de Açúcar com marcas próprias cresceram 119% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2002.
(MAELI PRADO)


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