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Consumo das famílias cai pela 9ª vez
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumo das famílias brasileiras -que responde por cerca
de 60% do PIB- recuou de julho
a setembro 3,7% em relação ao
mesmo período do ano passado.
É a nona queda consecutiva nessa
comparação, ou seja, esse item
vem caindo ante o mesmo período do ano anterior desde o terceiro trimestre de 2001.
Em relação ao segundo trimestre de 2003, o consumo ficou praticamente estagnado, com recuo
de 0,2%, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE.
Especialistas são unânimes ao
listar os motivos da retração da
demanda: desemprego e renda
em baixa, fatores que causam
queda no consumo. Cria-se assim
um círculo vicioso: recuo nas vendas da indústria e consequente
queda no emprego e renda.
Os sintomas desse ciclo, que se
intensificou de 2001 para cá, são
vários -vão da queda de consumo de bens duráveis e não-duráveis à substituição de produtos
por equivalentes mais baratos.
Segundo levantamento do Provar-USP (Programa de Administração de Varejo) realizado trimestralmente, houve queda na
intenção de consumo para o
quarto trimestre deste ano em seis
dos oito segmentos pesquisados
pelo programa em relação ao
mesmo período de 2001.
Os consumidores pretendem
consumir menos móveis, eletrodomésticos, material de construção, automóveis, informática e
produtos de foto e ótica do que
pretendiam há dois anos.
Segundo o economista Nelson
Barrizelli, professor da USP (Universidade de São Paulo), "o mais
preocupante é que a retração do
consumo não atinge apenas bens
duráveis, como eletrodomésticos,
ou semiduráveis".
"O recuo chega à alimentação.
De janeiro a outubro, os supermercados venderam 4% a menos
em relação ao mesmo período do
ano passado, segundo a Abras
[Associação Brasileira de Supermercados]", diz Barrizelli.
Ao lado da queda no consumo,
a troca de marcas tradicionais,
apontam consultores de varejo,
também é reflexo de queda de
emprego e renda. Na segunda-feira, a Associação Comercial de São
Paulo divulgou uma pesquisa em
que 44% dos consumidores declararam ter trocado de marca em
2003. Desses, 91% tinham como
objetivo reduzir despesas.
É por isso que as marcas próprias vem ganhando cada vez
mais espaço nas prateleiras dos
supermercados. No Carrefour,
por exemplo, a participação desse
segmento era de 4,5% em 2001.
Saltou para 5,5% no ano passado
e 7,5% neste ano.
As vendas do Pão de Açúcar
com marcas próprias cresceram
119% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2002.
(MAELI PRADO)
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