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LEITE DERRAMADO
Operação visa separar a administração do dia-a-dia da empresa da pressão das investigações federais
Consultoria assumirá crise da Parmalat
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Parmalat Alimentos, o braço
operacional do grupo italiano no
Brasil, negocia com a Galeazzi Associados para que a consultoria
assuma o gerenciamento da crise
vivida pela empresa. Até ontem,
porém, ainda não havia sido assinado contrato com a consultoria.
O objetivo da contratação de
serviços de "crisis management"
(gerenciamento de crises, procedimento usual nos EUA e na Europa) é separar o dia-a-dia da empresa do fogo cruzado de bancos
credores, fornecedores e Justiça.
Ontem, a Polícia Federal começou a trabalhar na sede da empresa, em São Paulo. A PF decidiu entrar no caso desde que um dos
contadores da matriz, Gianfranco
Bocchi, disse que a Parmalat italiana remetera "um saco de dinheiro" para a empresa Carital, ligada ao grupo e sediada no Brasil.
A Receita Federal também já
iniciou os trabalhos na Parmalat e
está auditando as contas da empresa referentes a 2003, segundo a
Folha apurou.
Além disso, a Parmalat Alimentos está há uma semana com um
comitê de fiscalização trabalhando em sua sede, nomeado pelo
juiz da 42ª Vara Cível de São Paulo, Carlos Henrique Abrão.
Todos os movimentos de entrada e saída de recursos da empresa
passam pelo crivo desse comitê,
pois a Parmalat está proibida de
vender ativos e remeter dinheiro à
matriz ou às suas coligadas.
Anteontem, o juiz Luiz Burza
Neto, da 8ª Câmara do 1º Tribunal
de Alçada, de São Paulo, negou
recurso aos advogados da empresa que tentavam sustar o bloqueio
dos ativos e a ação do comitê fiscalizador. Ele autorizou só o pagamento dos fornecedores, mediante visto do comitê fiscalizador.
Desde que surgiu o escândalo
na matriz, onde se constatou desvio de 14,3 bilhões, a Parmalat
Alimentos suspendeu o pagamento dos fornecedores. Em menos de uma semana (15/1 a 20/1),
sofreu 99 protestos na Justiça.
A empresa enfrenta, ainda, quatro pedidos de falência, dois de arresto de bens (um do Banco do
Brasil, deferido anteontem) e um
bloqueio de R$ 13,2 milhões em
conta bancária, obtido pelo BB.
Anteontem, ela conseguiu, por
meio de agravo, liberar o dinheiro, mas outra decisão judicial determinou o arresto dos bens da fábrica de Jundiaí e dos R$ 13,2 milhões, em favor do BB. Devido à
superposição de decisões, o juiz
Abrão pretende agrupar os processos numa só jurisdição.
Essa sucessão de processos e investigações federais aumentou a
carga de trabalho e a pressão sobre os executivos da empresa. O
gerenciamento da crise por meio
de uma consultoria tem o objetivo
de aliviar essa tensão e de liberá-los para manter as operações.
A Folha apurou que a empresa
que assumir fará a interface entre
a Parmalat Alimentos e os diferentes atores da crise: pretende-se
evitar decisões precipitadas e o
uso inadequado de recursos.
Se contratada, a consultoria Galeazzi & Associados vai elaborar
uma estratégia para monitorar a
empresa e definir prioridades.
Não será um processo de reestruturação ou de gestão compartilhada, segundo a Folha apurou. A
Galeazzi desenvolveu trabalho semelhante, em 2003, para a BCP.
Ontem, o diretor da Parmalat
José Antônio Fay se reuniu em
Brasília com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, no primeiro dia da comissão criada para investigar as atividades da empresa no país. Segundo Cunha,
Fay disse que a filial tem condições de manter a produção porque existe mercado e de sair da
crise caso consiga "algum respiro" (referência aos credores).
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