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Empresa tentou reforçar seu caixa
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para fazer caixa, o braço operacional da Parmalat, responsável
pelas atividades industriais, teve
de queimar estoque no varejo, segundo apurou a Folha.
A estratégia adotada neste mês
foi a de vender a produção de dezembro em grandes lotes aos supermercados para, com isso, reforçar a receita em janeiro.
Com dinheiro em caixa, ficou
um pouco mais fácil arcar com as
pendências com fornecedores e
regularizar a compra de parte dos
insumos usados na fabricação de
leite UHT e biscoitos.
A queima de estoques foi verificada nas gôndolas de grandes supermercados, que venderam o
leite Parmalat neste mês a R$ 1,09
(integral). No mês anterior, antes
da crise que atingiu a companhia
com investigações de fraude contábil no grupo na Itália, o leite era
vendido por R$ 1,49, em média.
Há conseqüências positivas e
negativas para o fabricante nessas
operações baseadas em descontos
para ampliar a venda da marca e
elevar as receitas.
Por um lado, a empresa pode
não perder participação de mercado ("market share"), já que deve registrar, por conta das promoções, uma receita com vendas elevada. Por outro lado, o fornecedor precisa recompor logo o seu
estoque, depois da venda feita à
loja, para não ficar com pouca
mercadoria na fábrica. Isso, no
entanto, depende do ritmo de
produção nas unidades.
A fábrica de Garanhuns (PE), a
maior do país, com capacidade
para processar um milhão de litros de leite por dia está processando apenas 300 mil litros, segundo João Pessoa, assessor da
presidência da Federação da Agricultura de Pernambuco.
Em Goiás, a fábrica de Santa
Helena também reduziu muito
sua produção. Com capacidade
de processamento de 1,2 milhão
de litros por dia, desde o início da
crise ela vem processando apenas
300 mil litros, segundo Macel Caixeta, presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás.
Nas fábricas de sucos e biscoitos
ocorreram problemas. Houve falta de matéria-prima, especificamente trigo. A empresa atrasou o
pagamento aos moinhos. No sábado, a empresa conseguiu retomar sua fabricação de biscoitos
após dez dias de paralisação.
Novo pedido de falência
Um novo pedido de falência foi
solicitado ontem contra a Parmalat. A Tesla Tecnologia Ltda requereu a falência da Parmalat
Brasil na 29ª Vara Cível de São
Paulo. Até o momento, cinco empresas e um banco pediram a falência. Sem contar a Tesla, a dívida com esses credores soma R$
1.362.958.
Colaboraram a Agência Folha e
Sandra Balbi, da Reportagem Local
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