São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2004

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Empresa tentou reforçar seu caixa

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para fazer caixa, o braço operacional da Parmalat, responsável pelas atividades industriais, teve de queimar estoque no varejo, segundo apurou a Folha.
A estratégia adotada neste mês foi a de vender a produção de dezembro em grandes lotes aos supermercados para, com isso, reforçar a receita em janeiro.
Com dinheiro em caixa, ficou um pouco mais fácil arcar com as pendências com fornecedores e regularizar a compra de parte dos insumos usados na fabricação de leite UHT e biscoitos.
A queima de estoques foi verificada nas gôndolas de grandes supermercados, que venderam o leite Parmalat neste mês a R$ 1,09 (integral). No mês anterior, antes da crise que atingiu a companhia com investigações de fraude contábil no grupo na Itália, o leite era vendido por R$ 1,49, em média.
Há conseqüências positivas e negativas para o fabricante nessas operações baseadas em descontos para ampliar a venda da marca e elevar as receitas.
Por um lado, a empresa pode não perder participação de mercado ("market share"), já que deve registrar, por conta das promoções, uma receita com vendas elevada. Por outro lado, o fornecedor precisa recompor logo o seu estoque, depois da venda feita à loja, para não ficar com pouca mercadoria na fábrica. Isso, no entanto, depende do ritmo de produção nas unidades.
A fábrica de Garanhuns (PE), a maior do país, com capacidade para processar um milhão de litros de leite por dia está processando apenas 300 mil litros, segundo João Pessoa, assessor da presidência da Federação da Agricultura de Pernambuco.
Em Goiás, a fábrica de Santa Helena também reduziu muito sua produção. Com capacidade de processamento de 1,2 milhão de litros por dia, desde o início da crise ela vem processando apenas 300 mil litros, segundo Macel Caixeta, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás.
Nas fábricas de sucos e biscoitos ocorreram problemas. Houve falta de matéria-prima, especificamente trigo. A empresa atrasou o pagamento aos moinhos. No sábado, a empresa conseguiu retomar sua fabricação de biscoitos após dez dias de paralisação.

Novo pedido de falência
Um novo pedido de falência foi solicitado ontem contra a Parmalat. A Tesla Tecnologia Ltda requereu a falência da Parmalat Brasil na 29ª Vara Cível de São Paulo. Até o momento, cinco empresas e um banco pediram a falência. Sem contar a Tesla, a dívida com esses credores soma R$ 1.362.958.


Colaboraram a Agência Folha e Sandra Balbi, da Reportagem Local


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