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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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Exportações salvam indústria de SP em janeiro

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As exportações de produtos industrializados salvaram o desempenho do INA (Indicador do Nível de Atividade) em janeiro, que registrou alta de 4,3% em relação a igual período de 2002 em São Paulo. A dúvida, porém, é se essa expansão se manterá. Isso porque, após brecar os investimentos em aumento de produção em 2002, o setor agora pode cair numa "armadilha", dizem analistas.
Houve alta no nível de uso da capacidade instalada da indústria paulista -que encostou nos 80% em janeiro. A Fiesp, maior entidade da área industrial no país, já diz que sem a possibilidade de ampliar a produção essa expansão fica comprometida.
Como não houve forte investimento industrial em 2002, a chance de um repeteco dos números de janeiro, portanto, é pequena.
"As indústrias fizeram suas avaliações de risco e não quiseram elevar a capacidade produtiva no ano passado. Isso por razões financeiras e devido à demanda em queda. Agora, mesmo que façam investimentos, o retorno só deve aparecer no próximo ano", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp. Ela não acredita que a decisão de postergar os investimentos tenha sido um erro.

Expansão menor
Por conta desse cenário, a direção da federação informa que deve rever, para baixo, a expectativa de expansão do setor em 2003. Até o momento, espera-se elevação de 1,5% nas atividades. A nova taxa ainda não foi calculada pela entidade.
Dados da Fiesp mostram que essa elevação no nível de atividades obtida até o momento -o setor de papel e papelão registra uso da capacidade instalada de 89,3% e o têxtil, de 85,5%- é resultado, em parte, do aumento no envio de itens ao exterior. Até porque, o mercado interno ainda se mostra desaquecido. Logo, para fechar novos contratos lá fora, e elevar a taxa, a produção precisa aumentar para dar conta de eventuais novos pedidos.
O que ainda é uma possibilidade remota ao se levar em conta dois fatores: 1) falta de recursos para investimentos, principalmente após a recente escalada dos juros e a falta de linhas de crédito no exterior; 2) falta de insumos no país, conforme já começam a detectar algumas empresas.

Desabastecimento
Nesse último caso, segundo informações da Abimaq, entidade que representa o setor de máquinas e equipamentos, o setor enfrenta dificuldades para elevar sua produção por falta de matéria-prima no país.
"Nós temos insumos, como o aço, para contratos já firmados. Mas se precisarmos de mais aço para cobrir o fechamento de um novo fornecimento, aí não tem mesmo", diz Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq.
"As siderúrgicas estão exportando, fizeram alguns investimentos em capacidade produtiva, mas não têm mais como elevar a produção para nos atender."
A questão, informa ele, não é achar insumos com bons preços, pois os aumentos do aço ainda continuam devido à escalada do dólar. "Pesquisa com nossos associados mostra que 43% deles temem o desabastecimento por não achar insumos no mercado para novos contratos."
Segundo dados apresentados ontem pela Fiesp, o setor de mecânica, que inclui máquinas e equipamentos, apresentou alta de 22,3% nas atividades -o que mostra que ainda há expansão no segmento, altamente exportador. Empresas de alimentos tiveram alta no INA de 17,5% em janeiro.
Na indústria em geral, foi verificada ainda uma alta de 0,1% nas horas trabalhadas na produção e aumento de 3,3% nas vendas reais em janeiro sobre janeiro de 2002.
"O desempenho nos surpreendeu positivamente, mas não temos certeza de que isso se manterá", afirma Clarice.


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