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CONTAS PÚBLICAS
Resultado acumulado em 12 meses está em 4,08% do PIB, próximo da nova meta para o ano, de 4,25%
Governo economiza R$ 8,46 bi em janeiro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A economia feita pelo setor público (União, Estados, municípios
e estatais) para pagar juros cresceu 55,6% no mês passado, quando comparada com o resultado de
janeiro de 2002. No início deste
ano, o superávit primário (receita
menos despesas, exceto gastos
com juros) alcançado foi de R$
8,463 bilhões.
O resultado de janeiro foi obtido
quando a equipe econômica ainda trabalhava com as metas fiscais
fixadas em 2002, durante o mandato de FHC. No início deste mês,
anunciou-se que a meta para o superávit primário deste ano passaria para o equivalente a 4,25% do
PIB (Produto Interno Bruto),
contra os 3,75% anteriores.
Antes da mudança na meta, o
governo havia adotado o compromisso de economizar R$ 31,4
bilhões no primeiro semestre deste ano. Ou seja, o resultado do
mês passado equivale a 27% dessa
meta antiga.
As mudanças nas metas foram
discutidas entre a equipe econômica e os técnicos do FMI (Fundo
Monetário Internacional) que estiveram no país para fazer uma revisão do acordo fechado no ano
passado. Os novos valores devem
ser anunciados em março.
Segundo José Henrique Dias de
Carvalho, do Departamento Econômico do Banco Central, o elevado superávit obtido no mês
passado foi consequência, em
parte, do resultado fiscal alcançado por Estados e municípios.
Juntos, os governos regionais
economizaram R$ 2,341 bilhões
em janeiro, o maior superávit obtido desde que o BC começou a
calcular essas estatísticas, em
1991. O governo federal economizou R$ 6,718 bilhões.
Carvalho diz que não há razões
específicas para o elevado superávit alcançado por Estados e municípios. Para ele, o resultado é simplesmente uma consequência da
limitação de gastos imposta pela
Lei de Responsabilidade Fiscal e
pelos contratos de renegociação
de dívidas fechados com a União.
Mas nem mesmo todo o esforço
fiscal do setor público foi capaz de
acompanhar o forte crescimento
dos gastos com juros. Em janeiro,
essas despesas chegaram a R$
17,632 bilhões, mais do que o dobro dos R$ 8,046 bilhões de janeiro de 2002.
Segundo Carvalho, esse aumento reflete, principalmente, a alta
dos juros básicos da economia de
lá para cá. Em janeiro de 2002, a
taxa Selic estava em 19% ao ano.
Em janeiro deste ano, os juros já
estavam em 25,5% ao ano -hoje,
já estão em 26,5%. Com os maiores gastos com juros, a dívida pública chegou a R$ 888,895 bilhões
-ou 55,9% do PIB.
Nos últimos 12 meses, o superávit primário acumulado é de R$
55,413 bilhões, o equivalente a
4,08% do PIB. A relação entre resultado fiscal e PIB ficou menor
do que o de costume devido a
uma mudança na metodologia
usada pelo BC para apurar esses
números.
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