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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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ROMBO

Número é recorde e reflete a forte desvalorização

BC teve prejuízo de R$ 17,2 bilhões no ano passado com títulos públicos

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central obteve um prejuízo recorde no ano passado, graças à forte desvalorização registrada, ao longo de 2002, pelos títulos emitidos pelo governo. As perdas do BC chegaram a R$ 17,2 bilhões e serão cobertas pelo Tesouro Nacional.
Nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o BC acumulou um prejuízo de R$ 30,5 bilhões, também arcado pelo Tesouro.
O BC possui, entre suas aplicações, cerca de R$ 243 bilhões em títulos emitidos pelo governo federal. Esses papéis são usados, basicamente, em duas operações. Uma diz respeito ao mercado de câmbio: quando julga necessário, o BC vende aos investidores títulos públicos corrigidos pelo dólar.
Esses títulos são emitidos pelo Tesouro e ficam com o BC, que os coloca no mercado sempre que surge a necessidade de evitar uma disparada do dólar. O objetivo é fazer com que os investidores desistam de comprar dólares e passem a aplicar nos títulos, o que reduziria a pressão sobre a taxa de câmbio.
Além disso, o BC possui títulos públicos corrigidos pelos juros básicos (a taxa Selic). Esses títulos são colocados no mercado sempre que o BC julga haver dinheiro em excesso circulando na economia. Esse excesso de recursos poderia pressionar a inflação.
O problema é que o BC contabiliza esses R$ 243 bilhões em títulos de acordo com seus valores de mercado. E, no ano passado, os papéis do governo sofreram forte desvalorização, com investidores temendo que, após as eleições presidenciais de outubro, pudesse haver um calote ou uma reestruturação da dívida pública.
A alta do dólar, por outro lado, acabou beneficiando o BC. A cotação da moeda norte-americana subiu mais de 50% e provocou uma forte valorização das reservas internacionais do país, administradas pela instituição.
Ao final de dezembro de 2002, as reservas internacionais somavam US$ 37,8 bilhões. Graças à variação da taxa de câmbio, o ganho do BC nessa área ficou em R$ 31 bilhões.


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