São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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Lucro do BB avança 45,5% e vai a R$ 6 bi

Artifícios contábeis ajudam a elevar resultado, além da carteira de crédito, que registrou expansão de 30,8% em 2006

Bancos privados também tiveram efeitos extraordinários em seus balanços, mas no caso deles efeito foi redução nos ganhos


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco do Brasil, maior instituição financeira do país, encerrou 2006 comemorando lucro recorde de R$ 6,044 bilhões. A cifra representou um crescimento de 45,5% em relação ao resultado de 2005.
A expansão considerável da carteira de crédito -um aumento de 30,8% sobre 2005, para R$ 133,157 bilhões- foi fundamental para o resultado do banco.
"Projetamos crescimento de 30% para a carteira de crédito neste ano, com destaque para a pessoa física, que esperamos que aumente 35%", afirmou Antônio Francisco Lima Neto, presidente do BB.
O último trimestre de 2006 foi o que apresentou os números mais surpreendentes: o lucro somou R$ 1,248 bilhão, com crescimento de 69,4% em relação ao mesmo período de 2005.
Mas eventos extraordinários também tiveram peso importante no balanço, inflando os dados do BB.
No primeiro trimestre de 2006, uma decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) permitiu que os bancos lançassem no balanço antigos créditos tributários. Com estoques elevados desses créditos, o Banco do Brasil viu seu resultado se expandir em mais de R$ 1,5 bilhão.
No exercício do ano passado, também houve um acordo com a Previ (fundo de pensão dos funcionários do banco) para encerrar uma discussão na Justiça, que acabou por ter impacto positivo no resultado.
Sem esses eventos, o lucro do banco teria ficado em torno de R$ 3,64 bilhões.
Os maiores bancos privados do país também apresentaram pesados efeitos extraordinários em seus balanços de 2006.
No caso de Bradesco e Itaú, essas variações ocorreram devido a recentes compras de instituições financeiras que realizaram.
O Bradesco, sem considerar nenhum efeito, teve lucro líquido de R$ 6,363 bilhões (com as amortizações, ficou em R$ 5,054 bilhões) em 2006. O Itaú lucrou R$ 6,19 bilhões (com as amortizações, o resultado foi a R$ 4,31 bilhões).
Um dado importante para o BB foi a redução de sua taxa de inadimplência registrada para a pessoa física.

Inadimplência
O banco viu o percentual de inadimplência do segmento, nas operações vencidas acima de 90 dias, recuar de 8,5% em dezembro de 2005 para 6,3% em dezembro de 2006.
"Queremos continuar vendo a inadimplência em queda", disse o presidente do BB.
Mesmo assim, o balanço mostrou elevação da provisão para créditos de liquidação duvidosa no ano passado para R$ 7,14 bilhões (aumento de 32%).
Já o Banco Popular -braço financeiro do BB para o público de menor renda- teve prejuízo de R$ 40,4 milhões em 2006. Em 2005, o prejuízo havia sido de R$ 62 milhões.
Segundo Robson Rocha, presidente do Banco Popular, houve uma melhora na inadimplência da instituição nos últimos meses. Após alcançar o elevado percentual de 30% no meio do ano passado, a inadimplência recuou para 27% em dezembro último.
No turbulento pregão da Bovespa ontem, a ação ordinária do Banco do Brasil esteve entre as que menos perderam, com recuo de 2,44%.


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