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RECEITA ORTODOXA
Previsão consta na ata da última reunião do Copom, que manteve juros em 26,5% e introduziu o "viés de alta"
BC estuda ampliar meta ajustada de inflação para 9,5%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central já estuda a
possibilidade de alterar a meta de
inflação deste ano, fixada pelo
próprio BC há dois meses. No final de janeiro, havia sido anunciado que o objetivo da instituição
era mantê-la em, no máximo,
8,5%. Ontem, foi informado que a
taxa poderá passar para 9,5%.
A possível mudança é citada na
ata da última reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária),
realizada na semana passada. O
documento diz, porém, que seria
"prematuro" ajustar a meta neste
momento, sendo necessário
aguardar uma melhor definição
da conjuntura econômica.
A ata do Copom mostra os motivos que levaram à manutenção
dos juros básicos da economia em
26,5% ao ano. Na ocasião, também foi adotado, pela primeira
vez, o "viés de alta", instrumento
que permite que os juros sejam
elevados antes da próxima reunião do comitê, marcada para o
mês que vem.
Uma meta mais folgada pode
abrir espaço para que o BC reduza
os juros -ou, pelo menos, promova aumentos menores. Em tese, taxas elevadas tornam o crédito mais caro e desestimulam o
consumo. Isso leva a uma retração da economia e a uma consequente queda na renda da população. Diante de consumidores
com menor renda, as empresas ficam com uma margem menor
para reajustar seus preços. Assim,
a inflação acaba contida.
Por esse raciocínio, sempre que
a inflação começa a se desviar da
meta, o BC aumenta os juros. Portanto, se a meta de inflação é
maior, os juros não precisariam
ser tão elevados.
Segundo o BC, caso os juros fiquem em 26,5% ao ano e a cotação do dólar se estabilize em R$
3,43, a inflação ficará acima de
8,5%. Ou seja, a atual meta não será cumprida, a menos que o dólar
caia ou os juros subam. Desde outubro, a taxa Selic subiu 8,5 pontos percentuais.
Questionado sobre o assunto,
após depoimento em comissão
do Senado, o ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) disse que
"estão dadas as condições para
que a inflação baixe de fato e possamos cumprir nossas metas".
Por condições, ele se referia a dados que indicam queda dos índices de inflação e do câmbio.
Gasolina
Na ata da reunião do Copom,
justifica-se uma eventual mudança na meta com "o efeito do choque primário dos preços administrados por contrato e monitorados". Em outras palavras, os reajustes nas tarifas públicas e no
preço da gasolina ocorridos no
início do ano ficaram acima do
previsto pelo BC quando da definição da meta de 8,5%.
Diante dos novos números, seria necessário, diz o BC, ajustar a
meta "em um ponto percentual".
Na ata da reunião do Copom divulgada em janeiro, o BC afirmava: "não haverá modificações na
meta ajustada [8,5%" ao longo
deste ano". Mas já abria uma exceção para o "caso de uma significativa alteração nos preços administrados e monitorados". No início do ano, projetava-se um aumento de 14% para esse conjunto
de preços. Agora, essa estimativa
passou para 16,8%.
Essa revisão é consequência,
principalmente, da alta do preço
da gasolina. Em janeiro, nas contas do BC, ele ficaria estável ao
longo de todo o ano de 2003. Só o
reajuste acumulado em janeiro e
fevereiro, porém, chegou a 12,4%.
Segundo a ata do Copom, o BC
ainda não alterou a meta de inflação porque espera que o preço internacional do petróleo se estabilize depois da guerra no Iraque.
Além disso, aguarda "uma melhor definição sobre as revisões
tarifárias" a serem feitas neste
ano, para reestimar o reajuste das
tarifas públicas neste ano.
A meta de 8,5% perseguida hoje
pelo BC -e que pode ser alterada
para 9,5%- é chamada de "meta
ajustada". Oficialmente, a meta é
de no máximo 6,5%.
O BC diz, porém, que para atingir esses 6,5% seria necessário um
aumento muito forte de juros,
que levaria o país a uma recessão.
Assim, fixou nova meta, que inclui o efeito de choques sofridos
pela economia nos últimos meses.
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