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COMÉRCIO
Apesar de região ter as taxas mais baixas, expansão nas vendas é das mais lentas; desemprego pode ser explicação
SP cobra juros menores, mas vende menos
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O comércio de São Paulo oferece hoje a menor taxa de juros ao
consumidor no país. Comprar
uma TV a prazo na capital paulista é mais barato do que no Rio de
Janeiro, em Minas Gerais e no Sul.
No entanto, na contramão do que
se poderia esperar, o varejo de São
Paulo tem atualmente um dos ritmos mais lentos de crescimento
em relação ao resto do país.
A Folha cruzou dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) e da Anefac -entidade que realiza pesquisas mensais de juros no país. O levantamento mostra que a taxa de expansão na venda (em volume) de
mercadorias no comércio paulista é apenas superior à de Estados
como Piauí, Paraíba e Acre, com
minguado poder de compra.
Ao mesmo tempo, porém, os juros de lojas na capital e no interior
de São Paulo são os menores
atualmente -estão em 5,90% ao
mês, em média. Portanto são
mais convidativos às compras.
No Rio Grande do Sul, por
exemplo, com a maior taxa apurada, os juros estão em 6,25% ao
mês, segundo análise da Anefac
realizada mensalmente em sete
Estados.
Especialistas enumeram razões
que poderiam explicar o ritmo de
vendas do comércio paulista.
Uma delas é unânime: há uma
concentração de desempregados
em São Paulo.
Dos 2,5 milhões de pessoas desempregadas em fevereiro nas
seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, 48,5% estavam em São Paulo, onde a taxa de
desemprego ficou em 13,6%, contra 12,9% do mês anterior. Sem
renda, o comércio estaciona.
Mais: a renda dos trabalhadores
da área industrial -setor com a
sua força concentrada no Estado
de São Paulo- tem sido comprimida de forma consecutiva há
meses. Com menos dinheiro no
mercado, há menor demanda e
consumo na região.
"Não há dúvida de que o mercado de São Paulo é mais "evoluído"
por conta da forte concorrência
do varejo. Mas, quando a crise bate à porta, todo mundo perde",
diz Miguel de Oliveira, economista e presidente da Anefac.
Foram analisados resultados da
Pesquisa Mensal do Comércio do
IBGE em 2003. De outubro de
2003 a janeiro de 2004, o desempenho do comércio na maioria
-ou seja, em mais da metade-
dos Estados brasileiros foi superior ao apurado pelo setor em São
Paulo.
Detalhe: em dezembro, mês do
Natal, 21 regiões no país apresentaram crescimento nas vendas superior ao verificado em São Paulo,
incluindo Estados de pequena expressão no setor, como Maranhão, Piauí e Sergipe.
Em janeiro, o cenário se repete.
O volume de vendas do comércio
no Estado de São Paulo cresceu
6,79% sobre igual período de
2003. É um dado positivo. Mas 14
regiões do país foram melhores.
Exemplos: Santa Catarina e Paraná tiveram resultados superiores,
com altas de 13,20% e de 7,72%,
respectivamente, no mesmo período. No Rio, a alta foi de 7%.
Se no início de 2003 o varejo no
Sul tivesse tido resultados negativos, um aumento agora seria fácil
de ocorrer. Isso porque a base de
comparação seria fraca. Mas não
é o caso: nas regiões do Sul houve
alta nas vendas naquele mês. Apenas no Rio o resultado no início
de 2003 foi muito fraco.
Agressividade
A agressiva política de vendas
adotada pelas redes varejistas em
São Paulo, abrindo espaço para
uma acirrada concorrência, ajuda
a evitar quedas bruscas nos resultados do setor na região. Mas essas ações para atrair clientes não
são de exclusividade do comércio
paulista.
A rede Insinuante, com lojas
apenas no Nordeste, e a Colombo
-com sede na região Sul- seguem a mesma cartilha. Isso porque a necessidade de elevar as
vendas e fazer caixa atinge redes
em todo o país.
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