São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEFONIA

Banco tenta receber US$ 358 mi da América Móvil, empresa que faz parte do grupo mexicano e que controla a Claro no país

Telmex terá de resolver dívida com BNDES

DA REDAÇÃO

A confirmação da aquisição da Embratel pela Telmex deve reabrir uma disputa que terá que ser resolvida pela empresa mexicana antes de assumir a operadora brasileira. Ela envolve o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de um lado, e a mexicana América Móvil, pertencente ao mesmo grupo da Telmex, do outro.
O BNDES alega ter direito a receber US$ 358 milhões da América Móvil, que controla, no Brasil, a operadora de telefonia celular Claro. Esse valor corresponde ao total que o BNDESPar (braço de investimentos do banco) possui em ações da Americel e da Telet, empresas da Claro no país.
Segundo o BNDES, a possibilidade de venda das ações estava prevista em contrato em caso de mudança de dono da Americel e da Telet -o que teria ocorrido em 2002, com a América Móvil. A operadora diz que ela e a Telmex são companhias distintas.
Discussões regulatórias têm sido fato corriqueiro na expansão do império erguido pelo empresário mexicano Carlos Slim.
A própria nova controladora da Embratel perdeu, no mês passado, processo movido pelos EUA no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio).
As operadoras norte-americanas AT&T e MCI acusaram a empresa mexicana de monopólio das ligações entre os dois países -obrigadas a utilizar companhias mexicanas para completar as chamadas originárias dos EUA, elas reclamaram das taxas de conexão fixadas pela Telmex.
Segundo um estudo preparado no ano passado pelo banco norte-americano Bear Stearns, com base em dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), as tarifas da Telmex no México, nos serviços de telefonia residencial e comercial, eram as mais elevadas entre as principais empresas do setor na América Latina.
A rápida expansão no setor de telecomunicações, iniciada em 1990, justamente com a compra da então estatal Telmex, por US$ 1,76 bilhão, é marcada pelo domínio de mercado. A Telcel, operadora de telefonia celular, detém 70% do mercado mexicano; a Telmex, 95% do de telefonia fixa.
O oportunismo é outra de suas marcas. No ano passado, Slim aproveitou a crise da MCI, então concordatária, para comprar títulos conversíveis em ações, pagando 22% de seu valor nominal. Além de ter se tornado um dos principais credores da empresa, com a recuperação neste ano, viu suas ações se valorizarem.


Texto Anterior: Luís Nassif: O FMI e o déficit
Próximo Texto: MCI ajudou Telmex a redigir proposta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.