|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Taxa vai para 12,8% em março; empresários estão "frustrados" com política monetária, diz autor da pesquisa
Desemprego sobe e IBGE culpa juros altos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de oscilações discretas
nos últimos dois meses, a taxa de
desemprego subiu com mais força em março, para 12,8%. O IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), autor da pesquisa,
apontou a "frustração" dos empresários com a velocidade da redução dos juros como o motivo
do desemprego mais alto.
"Havia no início do ano a expectativa dos investidores de queda
maior dos juros. Com os juros
muito elevados, não houve abertura de novas vagas em número
suficiente para absorver a demanda", disse Cimar Azeredo Pereira,
gerente da PME (Pesquisa Mensal
de Emprego) do IBGE.
O Banco Central promoveu em
2004 duas reduções nos juros básicos da economia (Selic), ambas
de apenas 0,25 ponto percentual.
A taxa está em 16%.
Para Estêvão Kopschitz, do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), mais do que a parada
da queda da Selic no início do
ano, o desemprego elevado é reflexo ainda do juro alto praticado
ao longo de todo o ano de 2003.
Segundo ele, os efeitos da política
monetária têm defasagem sobre o
mercado de trabalho.
Mais pessoas no mercado
A taxa de desemprego é 0,8 ponto percentual mais alta do que a
de fevereiro (12%). Em relação a
março do ano passado, quando o
desemprego havia sido de 12,1%,
o aumento foi de 0,7 ponto.
De acordo com o IBGE, a expansão da taxa do desemprego
aconteceu principalmente por
causa do ingresso de mais pessoas
no mercado de trabalho em março, sem que novos empregos tenham sido criados num nível suficiente para cobrir toda a procura.
Para Pereira, já era previsto um
crescimento na taxa em março,
quando tradicionalmente sobe a
demanda por trabalho. "Já se esperava uma alta, mas não dessa
ordem, o que é preocupante."
Com mais trabalhadores buscando uma recolocação, a PEA
(População Economicamente
Ativa) subiu 2,7% na comparação
com março do ano passado. O
número de desocupados cresceu
8,4% e atingiu 2,725 milhões de
trabalhadores. De um ano para o
outro, houve uma expansão de
211 mil pessoas na quantidade de
desempregados.
Já o número de vagas criadas
(medida pela ocupação) subiu
numa intensidade menor: 1,9%
-ou 341 mil pessoas- em relação a março do ano passado.
O único indicador positivo, disse Pereira, é a renda, que cresceu
pelo terceiro mês na comparação
mensal e tem caído cada vez menos em relação ao ano passado. O
rendimento médio real registrou
alta de 1,4% ante fevereiro e foi
para R$ 873,9.
Houve retração de 2,4% em relação ao ano passado -menos do
que o recuo de 5,7% registrado
em fevereiro. No ano passado, as
quedas eram bem mais intensas
-em julho, a renda chegou a cair
16,4%.
Para Pereira, os dados de março
revelam que "não há um quadro
favorável" do mercado de trabalho. Entre os fatores negativos, cita que "quase a totalidade" da geração de novos empregos tem
acontecido por meio da informalidade.
Cresceu em 10,1% o número de
pessoas ocupadas por conta própria (em sua maioria camelôs e
gente que vive de biscates) na
comparação anual.
Texto Anterior: Legislação: Projeto favorece dívida bancária em falências Próximo Texto: Dados da pesquisa são preocupantes, afirma Berzoini Índice
|