São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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CUT e Força Sindical dividem patrocínio no 1º de Maio

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa entre CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, as duas maiores centrais sindicais do país, para comemorar o 1º de Maio dividiu os patrocinadores da festa do trabalhador. Os eventos das duas centrais vão custar R$ 5,2 milhões e devem reunir 2 milhões de pessoas.
Neste ano, a CUT decidiu profissionalizar a sua festa, que vai acontecer na avenida Paulista. Contratou o marqueteiro André Guimarães, que, por seis anos, criou as tradicionais megafestas da Força, marcadas por shows e sorteios de carros e apartamentos.
Até ontem, a CUT havia conseguido o patrocínio de 15 empresas, como Telefônica, Nestlé, Casas Bahia, TAM, Petrobras e Caixa Econômica Federal.
A estimativa de Guimarães, dono da Fun Prime, que realiza a festa da central em parceria com a empresa Cape, é que o evento vá custar cerca de R$ 3,5 milhões.
Nesse valor estão incluídos também quatro shows e ações de cidadania (prestação de serviços) realizados desde o início deste mês pela CUT em diferentes regiões da cidade de São Paulo.
No ano passado, a CUT foi mais modesta nas comemorações. Gastou R$ 250 mil em eventos descentralizados, patrocinados por sindicatos e sedes regionais. Só a comemoração do 1º de Maio deve custar neste ano entre R$ 1,7 milhão e R$ 1,8 milhão.
"A CUT não vai gastar nada. Os patrocinadores vão bancar os shows", afirma Guimarães.
Os artistas que acertaram participação no evento da central são: Leonardo, Daniel, Sandy e Junior, Jorge Aragão e Fundo de Quintal. Todos levarão convidados. Martinho da Vila será recebido no palco por Jorge Aragão. Lecy Brandão, pelo Fundo de Quintal. Os shows serão ao vivo e vão durar cerca de uma hora.
A Força Sindical, que comemora há quatro anos o 1º de Maio na praça Campo de Bagatelle, zona norte de São Paulo, mantém sua estratégia de shows e sorteios para atrair os trabalhadores.
Conseguiu o patrocínio de cerca de 12 empresas, como TIM, Santander/Banespa, Embraer, Telefônica, TAM e AmBev.
Vai levar ao palco 30 artistas, como Chitãozinho e Xororó, Bruno e Marrone, Alexandre Pires, KLB e Daniel.
"Os patrocinadores bancam a festa, que vai custar cerca de R$ 1,7 milhão, metade do que gastamos no ano passado", afirma Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical.
Para garantir a presença do público, só quem estiver presente vai levar carros, apartamentos e bolsas de estudos que serão distribuídos durante a festa.
"Quem for sorteado e não aparecer no local não recebe o prêmio. Isso faz parte da regra", afirma Paulinho.
Alguns patrocinadores são exclusivos de cada uma das centrais -caso da Claro e do banco Santos, que apóiam a festa da CUT, e da TIM e do banco Santander/Banespa, que apóiam a Força.
As estatais dividiram o patrocínio às duas centrais. A Caixa Econômica Federal deu R$ 300 mil para a CUT e R$ 200 mil para a Força, informam as centrais.
No caso da Petrobras, foram cerca de R$ 500 mil para as duas centrais - de R$ 200 mil a R$ 300 mil para a CUT e R$ 250 mil para a Força, que recebe apoio da estatal desde 2000.
O patrocínio do setor público já havia sido usado no ano passado para as comemorações de 20 anos da central e para o 8º Congresso Nacional da CUT, que elegeu Luiz Marinho presidente da entidade.
A Casas Bahia, que optou em patrocinar os dois eventos pela primeira vez neste ano, não comenta valores. A Folha apurou que foram R$ 300 mil para a CUT -incluindo os eventos anteriores- e R$ 150 mil para a Força Sindical. A rede informa que tem interesse nos dois shows porque eles são populares.
O público que participa deles é formado por trabalhadores que têm o perfil dos clientes de suas lojas. Mesmo caso da AmBev, que vai apoiar os shows das duas centrais com a marca Brahma.
Na TAM, 80% dos patrocínios vêm em forma de passagens aéreas. Para a Força, foram R$ 130 mil -sendo R$ 100 mil em passagens. Para a CUT, foram R$ 450 mil -sendo R$ 350 mil em viagens e R$ 100 mil em dinheiro.
A Telefônica, segundo a Folha apurou, deu o mesmo valor -R$ 300 mil- para cada uma delas.
"Não há contradição entre o discurso atual da CUT e o do passado. A central decidiu que era necessário modernizar a comemoração. A CUT, como maior central do país, precisa se aproximar da população, dos jovens e não falar somente para seus militantes", afirma Carlos Aberto Grana, coordenador do 1º de Maio e diretor da central.


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