São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

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Investimento sobe menos que outros gastos

Apesar de promessas do PAC, recursos crescem 7,1% no 1º tri, contra 10,7% nos gastos com pessoal e 9,8% com custeio

Secretário do Tesouro admite número "pequeno" e prevê aceleração; superávit primário cresce 29% em relação a 1º tri de 2006


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ritmo da liberação de recursos para investimentos do governo federal cresce tão lentamente neste começo de ano que até o secretário do Tesouro Nacional, Tarcísio Godoy, reconhece que o número é "pequeno". Ele diz ainda que "queria ter gasto mais dinheiro" nos últimos meses, mas que isso não foi possível devido à demora na execução de algumas obras.
Entre janeiro e março deste ano, os recursos liberados para investimentos do governo somaram R$ 2,330 bilhões, segundo o Tesouro. O valor é 7,1% maior do que o apurado no mesmo período de 2006.
Entre as principais despesas do Tesouro, os investimentos foram os que menos cresceram - os gastos com pessoal aumentaram 10,7%; os com custeio e capital, que incluem despesas com manutenção da máquina pública, subiram 9,8%.
"Olha só, é o secretário do Tesouro dizendo: eu queria que a gente já tivesse gasto mais dinheiro com investimento", disse Godoy, ressaltando o fato de o apelo vir do membro da equipe econômica preocupado em conter os gastos do governo.
Se considerados os recursos liberados por meio do chamado PPI (Projeto Piloto de Investimentos), que inclui os investimentos prioritários do governo, a execução é ainda mais baixa: entre janeiro e março, receberam R$ 505 milhões de R$ 11,3 bilhões previstos para o ano todo no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Godoy atribuiu o baixo valor investido à demora na execução das obras, e não à falta de dinheiro. "Disponibilidade de recursos existe.". Ele evitou citar os projetos atrasados e os motivos da demora. Disse só que "fazer [as obras] tem uma dificuldade intrínseca".
Para Godoy, esses números devem crescer mais rapidamente nos próximos meses, pois haveria uma demora natural entre o anúncio do PAC, em janeiro, e o início efetivo de algumas obras. "O investimento ainda é pequeno, mas isso não significa que não teremos uma dinâmica diferente."
O baixo volume de recursos liberados para investimentos acabou colaborando para o aumento do aperto fiscal promovido pelo governo no primeiro trimestre. Foi acumulado um superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) de R$ 19,190 bilhões, 29% a mais do que no mesmo período de 2006.
Se descontadas as transferências da União para Estados e municípios, os gastos totais do governo federal cresceram 11,7% neste começo de ano -logo, os investimentos aumentaram menos que a média.
As receitas do governo, impulsionadas pela arrecadação tributária, cresceram 13,8%. A principal causa desse aumento foi o pagamento recebido de empresas em débito com o fisco, disse o Tesouro.
Além disso, os dividendos repassados por empresas estatais cresceram 50% no período, somando R$ 2,1 bilhões.
O governo tem como meta acumular um superávit primário de R$ 26,6 bilhões até abril. Para isso, precisa economizar R$ 7,4 bilhões neste mês.


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