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Governo vai negociar "spread" com bancos
Mantega defende mais competição entre bancos e sugere conta-salário para incentivar concorrência
KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) afirmou ontem, em
evento em São Paulo, que o
"spread" -diferença entre o
custo de captação dos bancos e
a taxa efetiva cobrada dos clientes- e as tarifas bancárias são
muito elevadas no país. Por isso, os dois pontos serão negociados pelo governo com as instituições. "Temos que atacar o
"spread". Não é possível que o
"spread" seja mais elevado que a
Selic", disse ele.
Segundo Mantega, o tema está na "ordem do dia" do Ministério da Fazenda e do Banco
Central, que vão estudar as razões para "taxas tão altas". "Pode ser a CPMF ou o compulsório. Ou será que os bancos querem lucratividade? Vamos analisar o que podemos fazer para
a redução. Se tiver algo que o
governo puder fazer, ele não vai
se furtar, mas não podemos
continuar com o "spread" tão
elevado", disse.
Para Mantega, "é inconcebível um país com uma inflação
de 3% a 4% ao ano ter taxas entre 35% e 36%. Não há lucro [de
empresa] que resista. Isso inibe
o crescimento sustentável do
país. Há queda maior dos juros
e acho que o "spread" poderia
estar caindo mais".
Mantega disse que os setores
que mais sofrem com as altas
taxas são as pequenas e médias
empresas, já que as grandes
possuem outros meios de financiamento. "As pequenas e
médias empresas pagam um
spread alto. [Sem ele], poderiam estar crescendo mais."
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), em situações anteriores, já reivindicou
ao governo medidas que permitissem a redução do "spread".
Em relação às tarifas bancárias, o ministro afirmou que
elas são livres e que o governo
não pode impor valores, mas
disse se sentir incomodado
quando percebe aumentos e
que as taxas "representam parcela importante no lucro dos
bancos". "Quero saber se está
dentro das leis da livre concorrência e se não está havendo
abuso por parte dos bancos",
disse. Mantega avisou que se
for verificado "comportamento
excessivo", o governo pode investigar o setor por meio da Secretaria de Acompanhamento
Econômico.
O ministro ressaltou que os
bancos públicos lideram a redução do "spread" no país -o
pedido foi feito pelo próprio governo às instituições.
Por fim, Mantega defendeu
aumento da competição entre
as instituições bancárias. "O
correntista tem que ser disputado pelos bancos e não o contrário", disse. Entre as medidas
para ampliar a concorrência, o
ministro citou o projeto de conta-salário, que permite ao trabalhador movimentar seu salário entre bancos sem pagamento de taxas e o cadastro positivo, cujo projeto já foi encaminhado ao Congresso.
Mantega comentou sobre o
aumento de 20% para 35% das
tarifas de importação para produtos têxteis e calçados. "Não
sou muito adepto ao aumento
de tarifas de importação, mas
foi necessário porque há concorrência desleal."
Durante o evento, o ministro
falou sobre a expectativa de o
Brasil fechar o ano de 2007 como sétima economia do mundo
-hoje ocupa o décimo lugar.
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