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Vale planeja 3 térmicas para consumo próprio de energia
Plano reflete temor de escassez energética com dificuldades de licenciamento ambiental
Mineradora retoma as negociações para a construção de uma usina de placas de aço em parceria com a chinesa Baosteel
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Vale do Rio Doce disse que
planeja construir três usinas
térmicas movidas a carvão. Cada uma das usinas terá capacidade de geração de 600 MW. O
objetivo é assegurar energia para sustentar seu crescimento.
A Vale tem aumentado seu
volume de produção a um ritmo de 30 milhões de toneladas
de minério de ferro ao ano com
o aquecimento do mercado, estimulado pela China.
A proposta de construção das
usinas é controversa porque as
térmicas a carvão são consideradas as mais poluentes. A Vale
já iniciou conversas com o Ministério de Minas e Energia para implantar o projeto. O presidente da Vale, Roger Agnelli
disse que EUA, China e países
da Europa ainda investem em
térmicas a carvão.
O primeiro projeto será em
Barcarena, no Pará. Os outros
dois ainda não estão definidos,
mas devem ficar próximos de
portos. Agnelli citou como
exemplo São Luís e Vitória. A
previsão é de entrada em operação antes de 2010.
"No Brasil, usina térmica tem
muitas dúvidas ou pontos de
interrogação com referência a
questão das emissões, de poluição. A tecnologia das plantas
novas foi desenvolvida no sentido de dar mais conforto na
área ambiental", disse.
Segundo Nivalde de Castro,
coordenador do Gesel (Grupo
de Estudo do Setor de Energia
Elétrica) da UFRJ, as dificuldades no licenciamento de novas
usinas hidrelétricas geram instabilidade em relação ao preço
das tarifas, o que pode influenciar especialmente os grandes
consumidores.
"Já que há dificuldade para
novas hidrelétricas, a Vale está
optando por fazer a usina que
pode no curto prazo. O país tem
energia renovável, limpa e barata na Amazônia, mas os agentes econômicos acabam tendo
que trazer uma energia suja e
mais cara para sustentar o crescimento", disse.
A preocupação com a necessidade de crescimento levou a
Vale a aumentar sua previsão
de investimentos em cerca de
US$ 1 bilhão, para US$ 7,351 bilhões neste ano. A maior parte
do aumento será destinada a
projetos de níquel e de crescimento da produção de minério
de ferro.
A apreciação do real frente ao
dólar representou um aumento
de US$ 300 milhões no orçamento de investimentos neste
ano. Mão-de-obra, equipamentos e serviços são pagos em real.
Com os preços do níquel em
alta, a Vale decidiu acelerar o
investimento no projeto de níquel de Nova Caledônia (possessão francesa na Oceania).
O orçamento total é de US$
3,2 bilhões e a entrada em operação está prevista para o final
de 2008. Neste ano, a Vale desembolsa US$ 938 milhões para o projeto. Ela teve que reformular o projeto para resolver
questões ambientais.
No Brasil, a companhia estuda ampliar a produção de minério de ferro no complexo de Carajás, com o desenvolvimento
da mina de Serra Sul. Se as licenças forem concedidas neste
ano, o projeto entrará no orçamento de 2008.
A Vale está interessada em
aumentar o mercado consumidor de minério de ferro no país.
A companhia voltou a negociar
a implantação do projeto de
uma usina de placas de aço em
parceria com a chinesa Baosteel. A Vale seria minoritária.
As negociações emperraram
com dificuldades em definir o
local da usina, que seria inicialmente no Maranhão. Sem acordo, a Vale já teve encontros
com os governos do Rio e do Espírito Santo e disse estar disposta a procurar alternativas
para o projeto.
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