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BNDES planeja criar superfarmacêutica a partir de alianças
Meta é viabilizar empresa capaz de investir fortemente em inovação e contribuir para reduzir déficit comercial do setor
Estratégia se assemelha ao modelo usado para criar a supertele nacional, anunciada em negócio que uniu Oi e Brasil Telecom
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) articula a criação de
uma superfarmacêutica nacional, que poderia ser viabilizada
a partir da fusão de grupos nacionais que atuam no setor. O
banco não divulga nomes, mas
afirma que está intermediando
conversas entre empresas.
A lógica tem semelhanças
com o modelo de criação da supertele nacional: o banco tem
interesse em entrar como sócio
da empresa e assegurar poder
de veto a operações que poderiam resultar na desnacionalização da companhia.
O objetivo do BNDES é criar
uma empresa com faturamento de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões, com envergadura suficiente para investir fortemente
em inovação, tanto em melhoria de medicamentos como em
desenvolvimento de novas drogas. Isso pode contribuir também para reduzir o déficit da
balança comercial do setor,
uma das mais elevadas.
"O presidente Luciano Coutinho tem nos orientado para
trabalhar de forma pró-ativa,
para tentar induzir alianças entre empresas. Essas alianças
podem ser acordos mercadológicos, fusões ou aquisições.
Existem conversas em andamento", afirmou Pedro Palmeira, chefe do Departamento de
Produtos Intermediários Químicos e Farmacêuticos.
A opção preferencial do banco é a de se tornar acionista minoritário nos novos empreendimentos, com 20% a 30% do
capital. O banco defende a criação de uma empresa 100% nacional, mas admite a hipótese
de associação, em fatia minoritária, com uma empresa estrangeira, desde que ela traga
tecnologia de ponta para o país.
"A inovação é o oxigênio dessa indústria. Se os empresários
não comprarem essa idéia, vamos estar relegados a um papel
de periferia eterna no jogo global das indústrias farmacêuticas", afirmou. Em 2007, o déficit da balança comercial de medicamentos foi de R$ 2,775 bilhões e o de farmoquímicos (insumos na produção de farmacêuticos), de R$ 1,327 bilhão.
Inovação
No ano passado, durante o
lançamento do PAC da Saúde,
BNDES e Ministério da Saúde
assinaram termo de cooperação. Segundo Palmeira, em
maio ocorre a primeira reunião
de um comitê gestor. "Está na
pauta a questão do poder de
compra do governo e a dos produtores públicos de medicamentos no país", disse.
O Profarma (Programa de
Apoio ao Desenvolvimento da
Cadeia Produtiva Farmacêutica), lançado em 2004, foi reformulado no ano passado. Com
vigência até 2012 e orçamento
de R$ 3 bilhões, o programa vai
focar mais em inovação.
A partir de uma definição do
Ministério da Saúde de itens
estratégicos normalmente importados, seria possível fomentar a produção de novos medicamentos no país. "Não estamos falando em quebra de patentes, mas na produção de um
item análogo, que pode ser parecido quimicamente, mas com
a mesma finalidade terapêutica
comprovada", disse.
Caso uma empresa se disponha a desenvolver o produto, o
ministério, segundo Palmeira,
pode se comprometer a comprar uma determinada quantidade, a preço definido.
O BNDES entraria na operação reduzindo o risco financeiro via aporte de recursos. Se o
produto sair do papel, o banco
ganha uma parcela dos recursos oriundos da venda para o
ministério. Se não der certo, o
banco perde.
O banco se dispõe ainda a financiar novas fábricas e a dar
empréstimos para estrangeiras
interessadas em trazer projetos
estratégicos ao país, como um
centro de pesquisas de doenças
tropicais, por exemplo.
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