São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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INFLAÇÃO

CMN confirma em junho taxa, a mesma de 2001, ainda baseada no IPCA

Meta para 2002 deve ser de 3% a 4%


SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A meta de inflação do governo para 2002 deverá ficar entre 3% e 4% e continuará sendo medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado). Ou seja, poderá repetir a taxa fixada para 2001. A nova meta será definida no próximo mês pelo Conselho Monetário Nacional.
Os analistas do mercado financeiro acreditam que o governo será mais conservador para 2002 por causa das eleições. "Vamos ter níveis de utilização da capacidade instalada maiores que os atuais e uma maior pressão por gastos", diz o economista Fabio Giambiagi, do BNDES.
Outro ponto importante é que o acordo com o FMI, que prevê metas de inflação e de superávit das contas públicas, acaba em 2001. O governo já anunciou que o acordo não deve ser renovado, o que abre espaço para atender reivindicações políticas em 2002.
Giambiagi acredita, porém, que o governo deverá manter a trajetória declinante da inflação. Em 99, a meta foi de 8%; este ano, é de 6%, e, em 2001, de 4%. Mas, se a inflação for dois pontos percentuais maior ou menor neste ou no próximo ano, a meta também é considerada cumprida. Até abril, o IPCA acumulado em 12 meses é de 6,77%.
Além de diminuir o ritmo de queda da inflação, o governo deverá reduzir também o intervalo no qual a meta é considerada cumprida. "Esse intervalo está associado ao nível da inflação. Uma taxa mais alta comporta um intervalo de dois pontos percentuais."
Para o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, sócio da consultoria Tendências, é razoável pensar em uma taxa em torno de 3%. "Mas eu acho razoável a manutenção da taxa em 4%. Os índices tendem a superestimar a inflação e o BC não pode comprometer sua credibilidade", diz.

Gradualismo
O diretor do banco Inter American Marcelo Allain lembra que todos os países que adotaram o sistema de metas de inflação levaram de quatro a cinco anos para chegar a taxas de 1% a 2% ao ano.
"Esse é o caso do Chile, Nova Zelândia e Espanha. Talvez não fosse tão ruim manter a meta em 4% em 2002", comenta.
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Sérgio Werlang, responsável pelo acompanhamento da meta de inflação, admite uma taxa igual ou pouco menor que a de 2001, mas lembra que essa é uma decisão do Ministério da Fazenda.
Apesar de o CMN ter poderes para modificar o índice de inflação utilizado para o sistema de metas, ninguém espera que o governo escolha outro índice ou tente alterar a metodologia de cálculo do IPCA para 2002.
Em 99, quando os reajustes de carros e dos combustíveis puxaram a inflação para cima, o governo e o mercado começaram a discutir a possibilidade de retirar do IPCA os aumentos atípicos. Seria uma tentativa de chegar ao núcleo da inflação, o "core inflation".
"Não estamos tendo nenhuma conversa nesse sentido", diz Werlang. Para os economistas, a adoção de um novo índice ou de um índice modificado teria de ser anunciada com mais antecedência. "É uma possibilidade para o médio prazo, mas não para 2002", diz Giambiagi. Segundo Loyola, o "core inflation" só deveria ser analisado após mais alguns anos de uso do sistema de metas.


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