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INFLAÇÃO
CMN confirma em junho taxa, a mesma de 2001, ainda baseada no IPCA
Meta para 2002 deve ser de 3% a 4%
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A meta de inflação do governo
para 2002 deverá ficar entre 3% e
4% e continuará sendo medida
pelo IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Ampliado). Ou seja,
poderá repetir a taxa fixada para
2001. A nova meta será definida
no próximo mês pelo Conselho
Monetário Nacional.
Os analistas do mercado financeiro acreditam que o governo será mais conservador para 2002
por causa das eleições. "Vamos
ter níveis de utilização da capacidade instalada maiores que os
atuais e uma maior pressão por
gastos", diz o economista Fabio
Giambiagi, do BNDES.
Outro ponto importante é que o
acordo com o FMI, que prevê metas de inflação e de superávit das
contas públicas, acaba em 2001. O
governo já anunciou que o acordo
não deve ser renovado, o que abre
espaço para atender reivindicações políticas em 2002.
Giambiagi acredita, porém, que
o governo deverá manter a trajetória declinante da inflação. Em
99, a meta foi de 8%; este ano, é de
6%, e, em 2001, de 4%. Mas, se a
inflação for dois pontos percentuais maior ou menor neste ou no
próximo ano, a meta também é
considerada cumprida. Até abril,
o IPCA acumulado em 12 meses é
de 6,77%.
Além de diminuir o ritmo de
queda da inflação, o governo deverá reduzir também o intervalo
no qual a meta é considerada
cumprida. "Esse intervalo está associado ao nível da inflação. Uma
taxa mais alta comporta um intervalo de dois pontos percentuais."
Para o ex-presidente do Banco
Central Gustavo Loyola, sócio da
consultoria Tendências, é razoável pensar em uma taxa em torno
de 3%. "Mas eu acho razoável a
manutenção da taxa em 4%. Os
índices tendem a superestimar a
inflação e o BC não pode comprometer sua credibilidade", diz.
Gradualismo
O diretor do banco Inter American Marcelo Allain lembra que todos os países que adotaram o sistema de metas de inflação levaram de quatro a cinco anos para
chegar a taxas de 1% a 2% ao ano.
"Esse é o caso do Chile, Nova
Zelândia e Espanha. Talvez não
fosse tão ruim manter a meta em
4% em 2002", comenta.
O diretor de Política Econômica
do Banco Central, Sérgio Werlang, responsável pelo acompanhamento da meta de inflação,
admite uma taxa igual ou pouco
menor que a de 2001, mas lembra
que essa é uma decisão do Ministério da Fazenda.
Apesar de o CMN ter poderes
para modificar o índice de inflação utilizado para o sistema de
metas, ninguém espera que o governo escolha outro índice ou tente alterar a metodologia de cálculo
do IPCA para 2002.
Em 99, quando os reajustes de
carros e dos combustíveis puxaram a inflação para cima, o governo e o mercado começaram a discutir a possibilidade de retirar do
IPCA os aumentos atípicos. Seria
uma tentativa de chegar ao núcleo
da inflação, o "core inflation".
"Não estamos tendo nenhuma
conversa nesse sentido", diz Werlang. Para os economistas, a adoção de um novo índice ou de um
índice modificado teria de ser
anunciada com mais antecedência. "É uma possibilidade para o
médio prazo, mas não para 2002",
diz Giambiagi. Segundo Loyola, o
"core inflation" só deveria ser
analisado após mais alguns anos
de uso do sistema de metas.
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