São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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Dieese aponta recuo de 11,2% em março

DA REPORTAGEM LOCAL

O rendimento médio mensal do pessoal ocupado na região metropolitana de São Paulo em março foi de R$ 807 -11,2% menor do que o de igual mês do ano passado (R$ 909). No caso dos assalariados, que representam 60% do pessoal ocupado, a queda na renda foi de 8,7%, de R$ 942 para R$ 860, no período. Na comparação com fevereiro, a redução foi de 2,8% e 2%, respectivamente.
"O rendimento está despencando. Isso vai ter reflexo grave na economia brasileira, pois restringe a possibilidade de recuperação do país", afirma Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese.
Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP), diz que o brasileiro está perdendo capacidade de consumo e, como consequência, o Brasil deve crescer bem menos do que deseja.
De janeiro a abril, informa, o faturamento real do comércio paulista caiu 3,5% na comparação com igual período do ano passado. Na melhor das hipóteses, a federação espera fechar este semestre com queda de 2% em relação ao primeiro semestre de 2001. "O consumo tende a melhorar no segundo semestre, mas não a ponto de fazer o país deslanchar", diz.
Pelo levantamento da Fundação Seade/Dieese, a renda está caindo mais no grupo de pessoas de renda mais alta. Em março de 2001, o piso da renda dos ocupados na faixa dos 10% mais ricos era de R$ 1.923 por mês. Em março de 2002, esse valor caiu para R$ 1.703.
Em março de 2001, a renda dos ocupados na faixa dos 10% mais pobres era de até R$ 166. Em março de 2002, esse valor se elevou para R$ 180. "O achatamento da renda ocorreu mais na parcela de quem tem renda mais alta. É esse pessoal que tem maior possibilidade de empurrar a economia pelo consumo", afirma Mendonça.
Na indústria, segundo levantamento da Fundação Seade/Dieese, a queda de rendimento pago ao trabalhador caiu 8,6% em março deste ano na comparação com igual mês do ano passado. No comércio, a queda foi de 2,1% e, no setor de serviços, de 10,1%.
No grupo dos trabalhadores com carteira assinada, a queda foi de 10% e, no grupo dos trabalhadores sem carteira assinada, de 4,5%. Também houve queda no rendimento dos trabalhadores autônomos, de 8,6%. A comparação é com março de 2001.
Fábio Silveira, economista da MB Associados, diz que, se a economia se recuperar, como sempre acontece tradicionalmente no segundo semestre, é possível que o emprego e a renda se recuperem.
"Apesar de a notícia ser ruim neste momento, é possível que haja recuperação do nível de atividade e queda das taxas de desemprego e melhora na renda. É bom lembrar que no início do ano os estoques da indústria e do comércio estavam mais elevados."(FF)


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