|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPINIÃO ECONÔMICA
Amigo
BENJAMIN STEINBRUCH
Quando carolina e eu decidimos nos casar, em 1991,
ele foi o meu primeiro amigo a saber da novidade. Abriu um largo
sorriso por baixo do bigodão, fez
festa, me abraçou e desejou felicidades.
Quase 11 anos se passaram desde então, seguimos caminhos distintos, divergimos em muitos temas, mas ele continua sendo amigo do peito. É leal e íntegro, tanto
na vida pública quanto na particular.
Conheço a maneira como ele vive, como educa os dois filhos, Mariana e Pedro, como trata carinhosamente a mulher, Regina. É
uma pessoa de bem. O Brasil seria
muito melhor se contasse com
uma centena de homens públicos
como ele.
Tenho a maior admiração pelo
economista formado na USP e
pós-graduado na Unicamp, pelo
professor universitário da PUC de
São Paulo, pelo deputado federal
eleito com a maior votação de seu
partido em 1990 e com a terceira
maior votação do Brasil em 1998,
pelo corajoso candidato a vice-presidente em 1994, pelo competente líder de bancada na Câmara Federal.
Apesar da amizade, pensamos
de forma diferente tanto na economia como na política. Temos
divergências monumentais em
matéria ideológica e partidária.
Nossa amizade não prosperou em
razão de nenhum tipo de interesse.
Em 1997, quando o governo federal decidiu privatizar o controle da Vale do Rio Doce, ele foi radicalmente contra. Coerente com
suas convicções, defendeu até
quando foi possível a manutenção da empresa sob o comando
estatal. Quando viu que a luta
antiprivatização estava perdida,
passou a defender publicamente
a idéia de que pelo menos a maioria do capital deveria permanecer
em mãos de brasileiros, com controle compartilhado e gestão profissionalizada. Por isso, na condição de assessor econômico do Sindicato dos Bancários, aconselhou
os funcionários do Banco do Brasil a apoiar um grupo de capital
nacional que disputaria o leilão
da Vale.
Sei que seu conselho foi sábio. A
Previ, com a Petros, a Funcef e a
Funcesp, fez um excelente negócio
para seus segurados.
Em cinco anos nas mãos da iniciativa privada, a Vale deu um
lucro acumulado de US$ 8,22 bilhões a seus acionistas, cabendo
ainda à Litel (consórcio dos fundos de pensão) ter 53% da Valepar e com isso uma jóia: o controle da Vale do Rio Doce, que não
deve ser vendido nunca!
Preocupa-me a forma covarde
com estão pretendendo envolver
meu amigo em um episódio no
qual não teve nenhuma participação, a não ser essa posição
nunca escondida de ninguém,
primeiro contrária à privatização
e depois à desnacionalização da
Vale. Por razões unicamente eleitoreiras, procuram fotografias em
que ele apareça ao meu lado, como se essa amizade fosse algum
segredo de Estado. Vasculham a
sua vida pessoal, numa atitude
leviana, covarde e truculenta.
Aloizio Mercadante Oliva é o
nome completo de meu amigo.
Deputado federal, ele nasceu em
Santos há 49 anos, é pai de família responsável e político honesto.
Como já disse, temos enormes divergências ideológicas, mas uma
coisa nos une: o sonho de um Brasil melhor.
Benjamin Steinbruch, 47, empresário,
é presidente do conselho de administração da Companhia Siderúrgica Nacional.
E-mail - bvictoria@psi.com.br
Texto Anterior: Pressão total: Mercado exige mais, diz desempregado Próximo Texto: Dinheiro novo: Mico de R$ 20 circula só em junho Índice
|