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Cana turbina investimentos em SP e MG
Ao menos 38 novas usinas estão sendo instaladas no interior paulista; outros setores devem se beneficiar com o boom
Além de quitar débitos, usineiro investe o lucro na aquisição de máquinas, na reforma de casas, na compra de bens e em viagens
MARIA FERNANDA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
"Compensa mais investir no
álcool que aplicar dinheiro na
Suíça. Quem quiser investir
aqui terá sucesso." A frase do
usineiro Maurílio Biagi Filho,
de Ribeirão Preto (SP), reflete o
otimismo dos produtores de
cana-de-açúcar em relação à
safra deste ano, que deve superar a anterior em 11%.
Usineiros da região afirmam
que vão aproveitar o bom faturamento para investir na construção de novas usinas -a
maioria delas no oeste de São
Paulo e no sul de Minas Gerais.
A Crystalsev, usina de Jardinópolis, por exemplo, está com
duas novas unidades em operação e constrói mais quatro em
São Paulo e no sul de Minas. O
grupo Ipiranga, de Descalvado,
está com empreendimentos
em Iacanga, oeste paulista.
A usina Santo Antonio, de
Sertãozinho, comprou um terreno em Uberaba (MG) e deve
iniciar a construção da terceira
usina do grupo no segundo semestre, com a intenção de
moer cana já em 2007. Um investimento de R$ 300 milhões,
sendo 70% financiado pelo
BNDES e Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.
Como investimento futuro,
alguns estudam investir na Bolsa de Valores, como já fez a Cosan, que disponibilizou ações
em Nova York. O presidente da
Crystalsev, João Carlos de Figueiredo Ferraz, é um dos que
não descartam a possibilidade.
"Já fomos assediados para isso [investir na Bolsa], mas ainda precisamos fazer a lição de
casa. Mas é interessante buscar
recursos fora do Brasil", disse
Ferraz. Outro que vê o investimento na Bolsa como bom negócio é José Coral, presidente
da Afocapi (associação dos fornecedores de Piracicaba).
Segundo Coral, os usineiros e
produtores vão aproveitar a alta no setor para melhorar as
condições das lavouras, com
tecnologias. "Tem dinheiro à
vontade para quem quiser investir em cana no Brasil", disse.
Faturamento
Os bons ventos do setor sucroalcooleiro contrastam com
a crise vivida pelos produtores
de soja, milho e algodão. A diferença ficou evidente na Agrishow: os negócios com cana
cresceram R$ 50 milhões sobre
2005, mas o faturamento geral
da feira caiu de R$ 760 milhões
para R$ 500 milhões.
Não são apenas os usineiros
que vão usufruir dos bons resultados do setor sucroalcooleiro. Pequenos produtores da
região de Piracicaba e Ribeirão
Preto, além de quitar débitos
anteriores, já estão investindo
o lucro da cana na compra de
novos maquinários. O lucro
também será usado para reformas nas casas, compra de bens,
como carros, e viagens.
Paulo Canesim, proprietário
de 100 hectares de terra com
plantação de cana em Sertãozinho, espera arrecadar cerca de
R$ 180 mil -R$ 20 mil a mais
que na última safra.
Além de programar viagem
no final do ano com a família e
de comprar novos equipamentos agrícolas, Canesim já iniciou reformas em sua casa para
ampliar a área de lazer. "Nem
só de pão vive o homem", disse.
Já o produtor de Piracicaba
José Nivaldo Alécio disse que
vai aproveitar a boa safra para
quitar dívida de R$ 700 mil relativa à compra de fertilizantes
e maquinário. "Foram três
anos ruins, mas vai melhorar."
De acordo com dados da
Udop (Usinas e Destilarias do
Oeste Paulista), pelo menos 38
novas usinas devem se instalar
nesta região do Estado até a
próxima safra. Nos últimos
dois anos, foram construídas
cinco usinas em São Paulo que
já estão em operação.
Para a Unica (União da
Agroindústria Canavieira de
São Paulo), o que impulsionou
o crescimento na produção da
cana foi a procura pelo álcool
com o aumento na venda dos
carros bicombustíveis e a manutenção da exportação na média de 2,4 bilhões de litros/ano.
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