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Conselho vai receber hoje proposta de fundo soberano
Ministro apresenta projeto sem definição sobre data de envio ao Congresso
Dúvida surge diante de
reações de economistas e
empresários; Lula prepara
terreno para reunião sobre o
tema com aliados políticos
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ainda sem definição sobre a
data exata de envio do projeto
ao Congresso, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) apresenta
hoje ao Conselho Político a
proposta de criação do Fundo
Soberano do Brasil em reunião
no Palácio do Planalto.
Ontem à tarde, Mantega ouviu do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva que sua decisão de
criar o fundo está mantida. A
dúvida era sobre quando enviar
o projeto para análise do Legislativo, diante das reações contrárias à proposta de economistas e empresários.
À noite, Lula teria uma segunda reunião com o ministro.
Segundo ele disse a auxiliares,
para que Mantega explique "direitinho" o formato elaborado
pelo Ministério da Fazenda.
Lula tratou do tema num encontro com o vice-presidente
José Alencar e o ministro José
Múcio Monteiro (Relações Institucionais), que foi informar
ao presidente a reunião de hoje
do Conselho Político, com líderes e presidentes de partidos
aliados, para apresentação do
projeto do Fundo Soberano.
Durante a reunião, o vice José Alencar comentou que gosta
da idéia do fundo, mas afirmou
que as pessoas não estavam
compreendendo o mecanismo
proposto pela equipe de Mantega. Segundo ele, era preciso
explicar melhor como o fundo
vai funcionar.
Lula concordou, disse que
ainda não havia decidido quando enviar o texto ao Congresso
e que teria uma reunião com o
ministro da Fazenda.
Assessores de Lula avaliam
que ele pode segurar o projeto
na Casa Civil até que a proposta
seja mais bem assimilada pelo
mercado. "O projeto nasceu um
pouco torto", comentou um auxiliar do presidente.
Na semana passada, durante
reunião de coordenação, o presidente adiou o envio do texto
ao Congresso. Ele manifestou
ter dúvidas sobre o uso de parte
do superávit primário para formar o caixa do Fundo Soberano. E também sobre a compra
de dólares no mercado para
completar o financiamento do
mecanismo, que poderia jogar
mais reais na economia.
O presidente tem sido aconselhado por economistas de fora do governo a não criar agora
o Fundo Soberano do Brasil e
apenas elevar o superávit primário, hoje de 3,8% do PIB
(Produto Interno Bruto), para
reduzir a demanda pública e
auxiliar o Banco Central no
combate à inflação.
Lula, contudo, já decidiu que
irá mesmo criar o fundo para
incentivar empresas brasileiras
a investir no exterior. Falta definir quando isso será feito.
Mercadante
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu ontem a
elevação a meta do superávit
primário e o adiamento da implementação do Fundo Soberano. Ele disse que o governo tem
condições de cortar gastos, sem
mexer em programas sociais. A
elevação do superávit primário
seria fundamental, disse, para
reduzir o déficit em conta corrente e para conter a inflação,
sem aumentar a taxa de juros.
"Acho que nós devíamos
pensar o fundo em um segundo
momento, depois de debelarmos essa inflação importada e
melhorarmos a estabilidade da
economia", afirmou, depois de
participar do 20º Fórum Nacional, no Rio.
Colaborou CIRILO JUNIOR , da Folha Online,
no Rio
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