São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2008

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Conselho vai receber hoje proposta de fundo soberano

Ministro apresenta projeto sem definição sobre data de envio ao Congresso

Dúvida surge diante de reações de economistas e empresários; Lula prepara terreno para reunião sobre o tema com aliados políticos


VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ainda sem definição sobre a data exata de envio do projeto ao Congresso, o ministro Guido Mantega (Fazenda) apresenta hoje ao Conselho Político a proposta de criação do Fundo Soberano do Brasil em reunião no Palácio do Planalto.
Ontem à tarde, Mantega ouviu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que sua decisão de criar o fundo está mantida. A dúvida era sobre quando enviar o projeto para análise do Legislativo, diante das reações contrárias à proposta de economistas e empresários.
À noite, Lula teria uma segunda reunião com o ministro. Segundo ele disse a auxiliares, para que Mantega explique "direitinho" o formato elaborado pelo Ministério da Fazenda.
Lula tratou do tema num encontro com o vice-presidente José Alencar e o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), que foi informar ao presidente a reunião de hoje do Conselho Político, com líderes e presidentes de partidos aliados, para apresentação do projeto do Fundo Soberano.
Durante a reunião, o vice José Alencar comentou que gosta da idéia do fundo, mas afirmou que as pessoas não estavam compreendendo o mecanismo proposto pela equipe de Mantega. Segundo ele, era preciso explicar melhor como o fundo vai funcionar.
Lula concordou, disse que ainda não havia decidido quando enviar o texto ao Congresso e que teria uma reunião com o ministro da Fazenda.
Assessores de Lula avaliam que ele pode segurar o projeto na Casa Civil até que a proposta seja mais bem assimilada pelo mercado. "O projeto nasceu um pouco torto", comentou um auxiliar do presidente.
Na semana passada, durante reunião de coordenação, o presidente adiou o envio do texto ao Congresso. Ele manifestou ter dúvidas sobre o uso de parte do superávit primário para formar o caixa do Fundo Soberano. E também sobre a compra de dólares no mercado para completar o financiamento do mecanismo, que poderia jogar mais reais na economia.
O presidente tem sido aconselhado por economistas de fora do governo a não criar agora o Fundo Soberano do Brasil e apenas elevar o superávit primário, hoje de 3,8% do PIB (Produto Interno Bruto), para reduzir a demanda pública e auxiliar o Banco Central no combate à inflação.
Lula, contudo, já decidiu que irá mesmo criar o fundo para incentivar empresas brasileiras a investir no exterior. Falta definir quando isso será feito.

Mercadante
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu ontem a elevação a meta do superávit primário e o adiamento da implementação do Fundo Soberano. Ele disse que o governo tem condições de cortar gastos, sem mexer em programas sociais. A elevação do superávit primário seria fundamental, disse, para reduzir o déficit em conta corrente e para conter a inflação, sem aumentar a taxa de juros.
"Acho que nós devíamos pensar o fundo em um segundo momento, depois de debelarmos essa inflação importada e melhorarmos a estabilidade da economia", afirmou, depois de participar do 20º Fórum Nacional, no Rio.


Colaborou CIRILO JUNIOR , da Folha Online, no Rio


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