São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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MULHER

Empresas usam temor de doenças e maior autonomia financeira das mulheres para ampliar participação em nicho de mercado

Risco de câncer tem cobertura adicional

PEDRO CORRÊA
FREE-LANCER PARA A FOLHA

As empresas brasileiras do setor descobriram que a maior autonomia das mulheres abre possibilidades antes inexploradas no mercado. Nada tão exótico como o caso da britânica Claire Roe que, ao engravidar aos 24 anos, em 2001, fez uma apólice para garantir sua beleza após o parto.
No Brasil, a enxurrada de seguros dirigidos à mulher, lançados com grande fôlego nos últimos dois anos, tem um apelo mais assustador: o principal argumento usado é a cobertura adicional em casos de diagnóstico de câncer.
A decisão de adquirir essas apólices, que prevêem resgate de parte do dinheiro no momento do diagnóstico, passa necessariamente pelo entendimento do que oferecem e pelo que a segurada pretende no caso de contrair a doença. Sem contar, obviamente, a percepção do risco, ou seja, a intensidade da preocupação com os números da enfermidade no País.

Dupla prevenção
O Bradesco lançou o produto em março e já tem 20 mil seguradas. Segundo o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Marco Antônio Rossi, a procura se concentra principalmente na faixa de 30 a 35 anos, com um valor médio comercializado de R$ 40. Rossi vê nesse tipo de produto "uma oportunidade excepcional para popularizar o seguro no país".
Mesmo com valores acessíveis, no entanto, o advogado e professor Antônio Penteado Mendonça, especializado em seguros e com várias obras sobre o tema, afirma que esse tipo de produto é bem específico e diferenciado, criado para mulheres de classe média e média alta, economicamente independentes.
Elas vêem vantagem também no resgate de capital em vida no caso de diagnóstico de câncer, para o caso, por exemplo, de terem de se ausentar do trabalho durante o tratamento.

Bons hábitos
O diretor do Departamento de Mastologia do Hospital do Câncer, Mário Mourão Netto, diz que, antes de pensar em fazer um seguro, é preciso que a mulher se conscientize da importância de ter bons hábitos de vida.
O médico destaca que os planos de saúde e de seguro-saúde já cobrem quase todo o tratamento, que custa em torno de R$ 30 mil, variando conforme os honorários, a medicação e a radioterapia.
O seguro contra câncer de mama ou qualquer outra manifestação da doença, na avaliação de Mourão, pode ser útil no caso de planos que não oferecem cobertura para medicação ou procedimentos mais caros.
Marcos Antônio Simões Peres, coordenador da área de Vida e Previdência da Superintendência de Seguros Privados (Susep), explica que esse tipo de seguro se enquadra na modalidade vida, com uma cobertura acessória para doenças graves, como o câncer.
"As pessoas precisam ter bem claro que um plano de saúde cobre o tratamento da doença e o seguro lhes garante um valor em dinheiro, previamente estipulado, pago na ocasião em que a doença é diagnosticada", esclarece.
Peres alerta que o preço subirá conforme aumente o risco -a idade da segurada- e ainda tem a correção monetária. "Além disso, no Brasil ainda é comum as pessoas acharem que o seguro é vitalício, quando na verdade é um contrato renovado anualmente, quando condições e valores podem mudar", observa.


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