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MULHER
Empresas usam temor de doenças e maior autonomia financeira das mulheres para ampliar participação em nicho de mercado
Risco de câncer tem cobertura adicional
PEDRO CORRÊA
FREE-LANCER PARA A FOLHA
As empresas brasileiras do setor
descobriram que a maior autonomia das mulheres abre possibilidades antes inexploradas no mercado. Nada tão exótico como o caso da britânica Claire Roe que, ao
engravidar aos 24 anos, em 2001,
fez uma apólice para garantir sua
beleza após o parto.
No Brasil, a enxurrada de seguros dirigidos à mulher, lançados
com grande fôlego nos últimos
dois anos, tem um apelo mais assustador: o principal argumento
usado é a cobertura adicional em
casos de diagnóstico de câncer.
A decisão de adquirir essas apólices, que prevêem resgate de parte do dinheiro no momento do
diagnóstico, passa necessariamente pelo entendimento do que
oferecem e pelo que a segurada
pretende no caso de contrair a
doença. Sem contar, obviamente,
a percepção do risco, ou seja, a intensidade da preocupação com os
números da enfermidade no País.
Dupla prevenção
O Bradesco lançou o produto
em março e já tem 20 mil seguradas. Segundo o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Marco
Antônio Rossi, a procura se concentra principalmente na faixa de
30 a 35 anos, com um valor médio
comercializado de R$ 40. Rossi vê
nesse tipo de produto "uma oportunidade excepcional para popularizar o seguro no país".
Mesmo com valores acessíveis,
no entanto, o advogado e professor Antônio Penteado Mendonça,
especializado em seguros e com
várias obras sobre o tema, afirma
que esse tipo de produto é bem específico e diferenciado, criado para mulheres de classe média e média alta, economicamente independentes.
Elas vêem vantagem também
no resgate de capital em vida no
caso de diagnóstico de câncer, para o caso, por exemplo, de terem
de se ausentar do trabalho durante o tratamento.
Bons hábitos
O diretor do Departamento de
Mastologia do Hospital do Câncer, Mário Mourão Netto, diz que,
antes de pensar em fazer um seguro, é preciso que a mulher se
conscientize da importância de
ter bons hábitos de vida.
O médico destaca que os planos
de saúde e de seguro-saúde já cobrem quase todo o tratamento,
que custa em torno de R$ 30 mil,
variando conforme os honorários, a medicação e a radioterapia.
O seguro contra câncer de mama ou qualquer outra manifestação da doença, na avaliação de
Mourão, pode ser útil no caso de
planos que não oferecem cobertura para medicação ou procedimentos mais caros.
Marcos Antônio Simões Peres,
coordenador da área de Vida e
Previdência da Superintendência
de Seguros Privados (Susep), explica que esse tipo de seguro se
enquadra na modalidade vida,
com uma cobertura acessória para doenças graves, como o câncer.
"As pessoas precisam ter bem
claro que um plano de saúde cobre o tratamento da doença e o seguro lhes garante um valor em dinheiro, previamente estipulado,
pago na ocasião em que a doença
é diagnosticada", esclarece.
Peres alerta que o preço subirá
conforme aumente o risco -a
idade da segurada- e ainda tem
a correção monetária. "Além disso, no Brasil ainda é comum as
pessoas acharem que o seguro é
vitalício, quando na verdade é um
contrato renovado anualmente,
quando condições e valores podem mudar", observa.
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