São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LUÍS NASSIF

Subsídios para uma política de segurança

Em SP, não existe "ação de inteligência" propriamente dita, mas apenas um sistema gerencial estatístico

NO DOMINGO retrasado, propus, na coluna, que estudiosos de diversas áreas começassem a remeter trabalhos e artigos sobre políticas públicas. Em relação à segurança pública, recebi trabalho e artigo do delegado Carlos Afonso Gonçalves da Silva, professor da Academia de Polícia e Coordenador do Núcleo de Ensino Policial Civil de Campinas. E um estudo da Secretaria Nacional de Segurança Pública sobre a "Modernização da Polícia Civil Brasileira", montado dentro dos conceitos do Programa de Qualidade no Serviço Público, do Ministério do Planejamento.
A principal crítica ao modelo atual é sua visão compartimentalizada entre as diversas polícias civis estaduais e o governo federal e o "paradigma reducionista" que resulta na prática estritamente jurídico-processualista da ação investigativa.
Em cima dessa crítica, o grupo de trabalho pensou em uma concepção tripartite de cargos: os delegados de polícia, os peritos policiais e os agentes de polícia. Além disso, haveria flexibilidade para a contratação de profissionais de áreas diversas.
Uma das propostas do trabalho é a aproximação de todos os setores envolvidos no combate ao crime: Polícias Civil e Militar, Ministério Público, Poder Judiciário e Administração Penitenciária. Para tanto, há a necessidade de utilizar a mesma infra-estrutura das redes de telecomunicação; um planejamento comum descentralizado; a implantação de Centros Integrados de Atendimento e Despacho, com aplicativos georreferenciados dos atendimentos e registros de boletins de ocorrência em sistema comum; uma política de ensino e pesquisa sob matrizes curriculares comuns.
No caso de São Paulo, e da maioria dos Estados, a integração da Polícia Civil com a Polícia Militar ocorre em dois pontos extremos, na cúpula e na base, explica o delegado Carlos Afonso. Na cúpula, com o comando do secretário de Segurança Pública, que reúne em sua assessoria oficiais e delegados. No dia-a-dia, a integração ocorre apenas em cidades de menor porte. Nas cidades maiores, não existem ações de integração, apenas operações em conjunto do tipo "força-tarefa", diz ele.
Em São Paulo, não existe "ação de inteligência" propriamente dita, mas apenas um sistema gerencial estatístico, de acordo com o delegado. As estatísticas não são erradas ou maquiadas, apenas inúteis do ponto de vista operacional. O mapeamento é fraco, calcado em técnicas do século passado, e os dados não vinculam as ações, diz ele. A formação dos delegados para trabalhar com análise de dados é dada pelo Curso Superior de Polícia, ou seja, às vésperas da aposentadoria. "Aprendo e me aposento", diz ele. Os documentos estão no endereço www.projetobr.com.br.
O Cade e a Varig
Recebo e-mail do conselheiro do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) Luiz Carlos Delorme Prado, explicando a posição do órgão do acordo de compartilhamento entre a Varig e a TAM. A decisão de terminar o acordo -que seria o primeiro passo para a fusão- foi das duas companhias. A íntegra está no meu blog.


Blog: www.luisnassif.com.br
Luisnassif@uol.com.br


Texto Anterior: Anac diverge em pareceres sobre VarigLog
Próximo Texto: Ação de agência foi legítima, diz ministro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.