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BB obtém R$ 2 bi com a venda de ações
Preço do papel é 35% menor que o pico atingido neste ano; expectativa é que 50 mil pessoas tenham participado de operação
Dinheiro será dividido
entre BNDES, Previ e o
próprio banco; fatia do
capital fora das mãos do
governo deve chegar a 15%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil anunciou
ontem a venda de R$ 1,977 bilhão em ações para investidores privados, numa medida que
deve elevar para 15% a fatia do
capital da instituição que está
fora das mãos do governo. O dinheiro arrecadado será dividido entre BNDES, Previ (fundo
de pensão dos funcionários do
BB) e o próprio BB, donos dos
papéis que foram vendidos.
O anúncio final da operação
só deve ser feito nos próximos
dias. A expectativa é que mais
de 50 mil pessoas físicas tenham participado na operação
com compras de aproximadamente R$ 600 milhões. O restante ficou com grandes investidores, sendo que as aquisições dos estrangeiros somaram
cerca de R$ 900 milhões.
Com o aumento da participação privada no BB, o banco -o
maior do país em ativos- poderá ingressar no chamado Novo
Mercado da Bovespa, segmento da Bolsa em que são negociadas as ações de empresas consideradas mais transparentes
nas suas gestões e no relacionamento com investidores.
A empresa que quiser ter
suas ações no Novo Mercado
precisa, entre outras coisas, ter
25% de seus papéis negociados
em Bolsa. No caso do BB, a venda de ontem, somada a um aumento de capital previsto para
o mês que vem, deve fazer essa
proporção chegar a 15%. O banco tem um prazo de até três
anos para chegar aos 25%, o
que significa que novas ofertas
podem ser feitas no futuro.
A venda das ações já era um
plano antigo do BB. Em 2002,
havia sido feita uma primeira
tentativa, mas, diante da crise
que o Brasil enfrentava com a
proximidade das eleições presidenciais, os grandes investidores não mostraram interesse na
oferta, e o leilão fracassou.
No começo deste mês, uma
nova tentativa foi anunciada.
Entre os dias 12 e 23, os bancos
que coordenavam a operação
receberam as propostas dos interessados e, com base nelas, fixaram ontem o preço de cada
ação em R$ 43,50 -abaixo da
cotação do fechamento de anteontem, que foi de R$ 45,90.
Turbulência
Neste ano, as ações do BB
chegaram a ser negociadas a R$
67,21, mas, de maio para cá, a
turbulência causada pelas dúvidas quanto ao futuro dos juros praticados nos Estados
Unidos derrubaram Bolsas do
mundo todo -o que também
afetou os papéis do banco.
Se a venda de ações tivesse sido feita com a cotação máxima,
o leilão teria rendido cerca de
R$ 3 bilhões -R$ 1 bilhão a
mais. Por outro lado, isso foi
vantajoso para o investidor,
que teria amargado uma razoável perda caso tivesse comprado papéis do BB alguns meses
atrás.
Antes da oferta, 93% do capital do banco estava, direta ou
indiretamente, nas mãos do governo. O Tesouro, que não participou da operação, continua
com 71% dos papéis do BB. Previ, BNDES e o próprio BB possuíam, ao todo, cerca de 12%.
Ontem, as ações do BB movimentaram cerca de R$ 83 milhões na Bovespa, quando, normalmente, esse giro fica em
torno de R$ 20 milhões. Para o
banco, a maior liquidez dos
seus papéis deve colaborar para
aumentar sua valorização no
longo prazo. Em geral, investidores evitam fazer aplicações
em papéis pouco negociados no
mercado, devido ao receio de
enfrentarem dificuldades na
hora de vendê-los.
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