São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BB obtém R$ 2 bi com a venda de ações

Preço do papel é 35% menor que o pico atingido neste ano; expectativa é que 50 mil pessoas tenham participado de operação

Dinheiro será dividido entre BNDES, Previ e o próprio banco; fatia do capital fora das mãos do governo deve chegar a 15%


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil anunciou ontem a venda de R$ 1,977 bilhão em ações para investidores privados, numa medida que deve elevar para 15% a fatia do capital da instituição que está fora das mãos do governo. O dinheiro arrecadado será dividido entre BNDES, Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) e o próprio BB, donos dos papéis que foram vendidos.
O anúncio final da operação só deve ser feito nos próximos dias. A expectativa é que mais de 50 mil pessoas físicas tenham participado na operação com compras de aproximadamente R$ 600 milhões. O restante ficou com grandes investidores, sendo que as aquisições dos estrangeiros somaram cerca de R$ 900 milhões.
Com o aumento da participação privada no BB, o banco -o maior do país em ativos- poderá ingressar no chamado Novo Mercado da Bovespa, segmento da Bolsa em que são negociadas as ações de empresas consideradas mais transparentes nas suas gestões e no relacionamento com investidores.
A empresa que quiser ter suas ações no Novo Mercado precisa, entre outras coisas, ter 25% de seus papéis negociados em Bolsa. No caso do BB, a venda de ontem, somada a um aumento de capital previsto para o mês que vem, deve fazer essa proporção chegar a 15%. O banco tem um prazo de até três anos para chegar aos 25%, o que significa que novas ofertas podem ser feitas no futuro.
A venda das ações já era um plano antigo do BB. Em 2002, havia sido feita uma primeira tentativa, mas, diante da crise que o Brasil enfrentava com a proximidade das eleições presidenciais, os grandes investidores não mostraram interesse na oferta, e o leilão fracassou.
No começo deste mês, uma nova tentativa foi anunciada. Entre os dias 12 e 23, os bancos que coordenavam a operação receberam as propostas dos interessados e, com base nelas, fixaram ontem o preço de cada ação em R$ 43,50 -abaixo da cotação do fechamento de anteontem, que foi de R$ 45,90.

Turbulência
Neste ano, as ações do BB chegaram a ser negociadas a R$ 67,21, mas, de maio para cá, a turbulência causada pelas dúvidas quanto ao futuro dos juros praticados nos Estados Unidos derrubaram Bolsas do mundo todo -o que também afetou os papéis do banco.
Se a venda de ações tivesse sido feita com a cotação máxima, o leilão teria rendido cerca de R$ 3 bilhões -R$ 1 bilhão a mais. Por outro lado, isso foi vantajoso para o investidor, que teria amargado uma razoável perda caso tivesse comprado papéis do BB alguns meses atrás.
Antes da oferta, 93% do capital do banco estava, direta ou indiretamente, nas mãos do governo. O Tesouro, que não participou da operação, continua com 71% dos papéis do BB. Previ, BNDES e o próprio BB possuíam, ao todo, cerca de 12%.
Ontem, as ações do BB movimentaram cerca de R$ 83 milhões na Bovespa, quando, normalmente, esse giro fica em torno de R$ 20 milhões. Para o banco, a maior liquidez dos seus papéis deve colaborar para aumentar sua valorização no longo prazo. Em geral, investidores evitam fazer aplicações em papéis pouco negociados no mercado, devido ao receio de enfrentarem dificuldades na hora de vendê-los.


Texto Anterior: Casa Branca vê acordo difícil na reunião da OMC
Próximo Texto: Depois da operação do BB, captação com oferta de ações bate recorde na Bovespa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.