São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAPA-TUDO

Artur Falk é preso, acusado de tentar obstruir a Justiça

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O empresário Artur Falk foi preso anteontem à noite por ordem do desembargador federal Abel Gomes, do Rio, acusado de tentar obstruir a Justiça e de pressionar o ex-liquidante da Interunion Capitalização Antonio Nóbrega Telles de Menezes, funcionário do BC, para esvaziar as ações criminais existentes contra ele.
Falk é acionista da Interunion. Foi condenado a nove anos e dois meses de prisão, no dia 12, por crime financeiro, mas recorria em liberdade. Ficou conhecido no passado pelos sorteios de prêmios Papa Tudo.
O ex-liquidante prestou depoimento às procuradoras regionais da República Mônica Ré e Silvana Batini e acusou Falk de montar um ""estratagema" para esvaziar as ações criminais e o superintendente da Susep (Superintendência de Seguros Privados, do Ministério da Fazenda), Renê Garcia, de colaborar com o empresário. A Susep é o órgão federal responsável pela fiscalização do mercado de seguros.
O liquidante foi afastado do cargo no dia 7, segundo o superintendente da Susep, a pedido do BC. Mas, assim que foi destituído, enviou carta às procuradoras em que diz que foi afastado abruptamente e que o sucessor, Renato Sobrosa, representaria interesses de Falk.
A Interunion sofreu liquidação extrajudicial em 1998, porque seu patrimônio era insuficiente para pagar aos cerca de 11 mil investidores dos títulos de capitalização.
Segundo o ex-liquidante, o empresário armou "estratagema" para esvaziar a acusação criminal contra ele, que consistia em usar R$ 1 milhão do caixa da Interunion para pagar os créditos de 10 mil pequenos investidores prejudicados e ainda os créditos trabalhistas remanescentes, antes do dia 12 de julho, data de seu julgamento no TRF, para descaracterizar o crime financeiro.
Segundo o ex-liquidante, Falk também pediu à Susep que fosse refeito o relatório da comissão de sindicância, que apurou o passivo a descoberto em 1998 (levando à liquidação), à luz dos novos fatos financeiros, ou seja, da valorização do patrimônio.
O superintendente da Susep é acusado de ajudar Falk no plano por ter aprovado, em caráter de urgência urgentíssima, a publicação do quadro de credores no dia 10 de julho, ou seja, dois dias antes do julgamento da ação.

Outro lado
O superintendente da Susep, Renê Garcia, disse que cabe ao ex-liquidante provar as acusações. ""Se ele sabia de tal artimanha, por que não denunciou o fato?"
O advogado de Artur Falk, Ranieri Mazzilli Neto, não foi localizado pela Folha.


Texto Anterior: OceanAir quer chegar a 16 aviões no ano
Próximo Texto: Investimentos: Justiça de Goiás decreta falência da Avestruz Master
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.