São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

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CERVEJAS

AmBev e Interbrew acertam troca de papéis; minoritários desaprovam

Acionistas aprovam acordo e criam InBev

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

Sob críticas dos acionistas minoritários, a AmBev e a belga Interbrew anunciaram ontem a conclusão do negócio que cria a maior cervejaria do mundo em volume produzido, superando a norte-americana Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser.
Os acionistas das duas empresas aprovaram a troca de ações e a incorporação da cervejaria canadense Labatt pela AmBev. Mas a decisão não foi unânime na assembléia da dona das cervejas Skol, Brahma e Antarctica.
Votaram contra o negócio a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), um grupo representado pelo Bank of New York, o terceiro maior fundo de pensão dos EUA (CalSTRS, dos professores públicos da Califórnia) e outros seis fundos estrangeiros.
Na próxima semana, a Previ promete pedir, novamente, a abertura de inquérito contra a operação na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que fiscaliza o mercado de capitais.
Um parecer da área técnica da CVM aprovou neste mês o negócio, mas a Previ vai recorrer diretamente com o colegiado do órgão contra a decisão.
O maior fundo de pensão do país alega que só os controladores da AmBev tiraram vantagem com o negócio, que houve abuso de poder, falta de auditoria no processo e uma "divulgação confusa de dados errados e incompletos" ao mercado.
As ações PN (sem direito a voto) desabaram até 30% após o anúncio do negócio, pois os donos desses papéis não têm direito ao prêmio pago aos controladores.
Por sua vez, o diretor jurídico da AmBev, Pedro Mariani, defendeu a legalidade da operação e disse estar "confiante" na aprovação do negócio pela CVM e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), apesar das críticas da Previ.

InBev
InBev foi o nome escolhido para identificar a nova multinacional. Quando foi anunciada, a associação era chamada de "InterbrewAmBev". As empresas negam ter feito uma fusão e preferem o termo aliança. No exterior, a operação foi tratada apenas como a compra do controle da AmBev pelos belgas.
O negócio é estimado entre US$ 8,9 bilhões e US$ 10,7 bilhões. O valor final depende ainda de uma oferta pública para a compra de ações remanescentes, que deve ocorrer até o início de 2005.
Concorrente da AmBev, a Schincariol reafirmou sua oposição à aliança e espera que o Cade barre o negócio.
O Cade não tem data ainda para julgar o caso.
Ontem, jornais estrangeiros tratavam a negociação entre as duas empresas como uma compra da AmBev pela Interbrew. O "Financial Times", por exemplo, dizia que a "Interbrew conseguiu aprovação de seus acionistas para comprar a AmBev".


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