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CERVEJAS
AmBev e Interbrew acertam troca de papéis; minoritários desaprovam
Acionistas aprovam acordo e criam InBev
SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE
Sob críticas dos acionistas minoritários, a AmBev e a belga Interbrew anunciaram ontem a
conclusão do negócio que cria a
maior cervejaria do mundo em
volume produzido, superando a
norte-americana Anheuser-Busch, dona da marca Budweiser.
Os acionistas das duas empresas aprovaram a troca de ações e a
incorporação da cervejaria canadense Labatt pela AmBev. Mas a
decisão não foi unânime na assembléia da dona das cervejas
Skol, Brahma e Antarctica.
Votaram contra o negócio a
Previ (fundo de pensão do Banco
do Brasil), um grupo representado pelo Bank of New York, o terceiro maior fundo de pensão dos
EUA (CalSTRS, dos professores
públicos da Califórnia) e outros
seis fundos estrangeiros.
Na próxima semana, a Previ
promete pedir, novamente, a
abertura de inquérito contra a
operação na CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), órgão que
fiscaliza o mercado de capitais.
Um parecer da área técnica da
CVM aprovou neste mês o negócio, mas a Previ vai recorrer diretamente com o colegiado do órgão contra a decisão.
O maior fundo de pensão do
país alega que só os controladores
da AmBev tiraram vantagem com
o negócio, que houve abuso de
poder, falta de auditoria no processo e uma "divulgação confusa
de dados errados e incompletos"
ao mercado.
As ações PN (sem direito a voto)
desabaram até 30% após o anúncio do negócio, pois os donos desses papéis não têm direito ao prêmio pago aos controladores.
Por sua vez, o diretor jurídico da
AmBev, Pedro Mariani, defendeu
a legalidade da operação e disse
estar "confiante" na aprovação do
negócio pela CVM e pelo Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica), apesar das críticas da Previ.
InBev
InBev foi o nome escolhido para
identificar a nova multinacional.
Quando foi anunciada, a associação era chamada de "InterbrewAmBev". As empresas negam
ter feito uma fusão e preferem o
termo aliança. No exterior, a operação foi tratada apenas como a
compra do controle da AmBev
pelos belgas.
O negócio é estimado entre US$
8,9 bilhões e US$ 10,7 bilhões. O
valor final depende ainda de uma
oferta pública para a compra de
ações remanescentes, que deve
ocorrer até o início de 2005.
Concorrente da AmBev, a
Schincariol reafirmou sua oposição à aliança e espera que o Cade
barre o negócio.
O Cade não tem data ainda para
julgar o caso.
Ontem, jornais estrangeiros tratavam a negociação entre as duas
empresas como uma compra da
AmBev pela Interbrew. O "Financial Times", por exemplo, dizia
que a "Interbrew conseguiu aprovação de seus acionistas para
comprar a AmBev".
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