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PAÍS DO MENSALÃO
Receita agora prioriza lista de 200 servidores com movimentações "gritantemente incompatíveis" com a renda
Investigação mira funcionários públicos
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos principais alvos das investigações da Receita e da Polícia
Federal é uma lista que contém
cerca de 200 nomes de servidores
públicos que realizaram operações financeiras por meio de doleiros nos últimos anos.
Os dados das movimentações
desses funcionários públicos ainda não foram totalmente fechados, mas mostram movimentações qualificadas pela Receita como ""gritantemente incompatíveis" com o nível de rendimento
de seus donos.
A PF pretende dar prioridade na
instauração de inquéritos policiais contra esses funcionários
públicos assim que receber a lista
completa da Receita.
Segundo a Folha apurou, o número de pessoas que fizeram movimentações via doleiros e que
são suspeitas de terem cometido
crimes fiscais é muito superior ao
que está totalizado nas listas.
Para a investigação e a elaboração das relações, a Receita descartou movimentações inferiores a
US$ 30 mil. De uma lista de 9.600
pessoas, por exemplo, 5.469 ficaram de fora por terem movimentado quantias menores do que o
"valor de corte" estabelecido.
A Polícia Federal, no entanto,
tem outras bases de dados que incluem essas movimentações menores e pretende, com o tempo,
instaurar inquéritos para averiguar esses nomes.
As investigações da PF e da Receita avançaram de forma consistente por causa da organização e
dos métodos de contabilidade
que os doleiros utilizavam para
registrar suas operações.
Várias das contas que usavam
nomes "fantasia", como Carinhoso, por exemplo, acabaram sendo
abertas (supinadas, no jargão da
PF) depois com a ajuda de autoridades norte-americanas.
Foz do Iguaçu
Pouco mais de cem pessoas físicas e empresas localizadas em Foz
do Iguaçu, na região da Tríplice
Fronteira entre Brasil, Paraguai e
Argentina, movimentaram
US$ 50,4 milhões entre 2000 e
2002, segundo os dados das listas
da Receita Federal e da PF.
Essas movimentações são o
principal foco de interesse das investigações da promotoria distrital dos EUA, que vem colaborando com as autoridades brasileiras
de forma mais ativa desde os ataques terroristas contra os EUA de
11 de setembro de 2001.
Em investigações já realizadas, a
PF não encontrou nenhum indício da existência de células terroristas na região da Tríplice Fronteira. Em operação recente, no entanto, foram presos vários cidadãos de origem árabe que tinham
envolvimento em atividades relacionadas ao crime organizado na
região de Foz do Iguaçu (PR).
Já as autoridades norte-americanas chegaram a anunciar publicamente que rastrearam cerca de
US$ 30 milhões em operações para uma conta do banco MTB. O
dinheiro, segundo os funcionários americanos, teria sido movimentado para financiar as atividades do grupo terrorista Hamas
e foi bloqueado pelo governo dos
EUA.
(FERNANDO CANZIAN)
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