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MERCADO TENSO
Valor é o maior desde 8 de março; BC anuncia intenção de emitir novo lote de bônus no exterior
Dólar fecha semana cotado a R$ 1,94
da Sucursal de Brasília
da Reportagem Local
O dólar comercial voltou a
apresentar alta consistente ontem, fechando a R$ 1,941, seu valor mais alto desde 8 de março.
A diferença é que em março a
moeda vinha em queda, após
atingir pico de R$ 2,16 com a liberação do câmbio. Agora, o dólar
vem apresentando alta.
Em relação a anteontem, o valor de fechamento representou
uma elevação de 1,15%. Desde o
início de agosto, a moeda apresenta valorização acumulada de
7,71%.
Não houve exatamente fatos
novos para justificar a alta do dólar ontem, segundo operadores
de câmbio.
A possibilidade de a Colômbia
extinguir o regime de banda cambial e a renegociação da dívida externa equatoriana trouxeram algum nervosismo para o mercado
brasileiro, mas não foram causas
primárias da elevação.
A situação política pouco favorável ao presidente Fernando
Henrique Cardoso e a falta de
uma votação de impacto no Congresso continuam sendo apontadas como motivos de preocupação, que levam bancos e empresas a buscarem proteção no dólar.
O mercado sem liquidez (o único vendedor de grandes lotes nas
últimas semanas foi o BC) pressionou a cotação mais uma vez:
uma operação de saída de US$
100 milhões feita por um banco
nacional já ditou os rumos dos
negócios ontem.
"Não há nada extraordinário.
Os bancos estão tendo demanda
de seus clientes por dólar pronto", afirmou José Roberto Leme
Ferraz, da Safic Corretora.
O governo voltou a promover
um leilão antecipado de NBC-Es
(Notas do Banco Central, série
Especial), títulos públicos que
oferecem proteção cambial e juros prefixados.
O lote oferecido foi de R$ 1,035
bilhão, mas o mercado absorveu
apenas R$ 1,027 bilhão, com juros
de 14% ao ano (0,27 ponto percentual a menos que os pagos no
leilão de quarta-feira).
Os títulos só serão emitidos em
setembro (o leilão foi antecipado
pelo BC). Por isso influenciou
pouco no mercado ontem.
Uma medida divulgada pelo
Banco Central pode dar alívio ao
câmbio, com a entrada de mais
dólares no país.
O BC anunciou que pretende
fazer uma nova emissão de bônus
da República no mercado europeu. A data não está marcada.
Duas instituições financeiras
européias, o ABN-Amro e o Paribas, foram contratadas para liderar a colocações de papéis brasileiros, segundo comunicado divulgado ontem pelo BC.
O BC declarou que resolveu fazer uma nova emissão de papéis
"após o sucesso da emissão em
euro, em julho último". Nessa colocação, o BC arrecadou em euros
o equivalente a US$ 853 milhões.
Embora pague juros mais altos,
o dinheiro captado pelo BC por
meio da emissão de títulos têm
maior utilidade que os empréstimos levantados no acordo com o
FMI (Fundo Monetário Internacional), pois podem ser usados
integralmente para atenuar movimentos de alta do dólar.
A declaração oficial não faz nenhuma menção a prazos e custos.
A assessoria de imprensa do BC
afirmou que as condições serão
definidas no momento favorável.
Nesta semana, a própria assessoria do BC havia negado que o
BC iria lançar brevemente bônus
no mercado europeu. A notícia
havia sido veiculada por agências
internacionais, que atribuíram a
informação a fontes do ABN.
Essa será a terceira emissão de
títulos no exterior feita pelo governo desde a desvalorização do
real, ocorrida em janeiro passado.
A volta da União ao mercado de
capitais ocorreu em abril, quando
o BC vendeu R$ 3 bilhões em bônus globais.
Do total, R$ 2 bilhões ingressaram como dinheiro novo e R$ 1
bilhão foi destinado à troca de papéis que teriam vencimento nos
próximos anos.
Segundo o memorando de política econômica divulgado na terceira revisão do acordo com o
FMI, as emissões de títulos feitas
pelo BC têm o objetivo de rolar a
dívida que vencerá no próximo
semestre e também criar taxas de
referência às captações de empresas no exterior.
O BC já informou que pretende
fazer mais de uma captação até o
final do ano, caso as condições de
mercado sejam favoráveis.
O BC fez um pedido de registro
para a SEC (órgão regulador do
mercado de capitais dos EUA)
para a colocação de até US$ 10 bilhões em papéis denominados
em dólar. Esse limite poderá ser
usado aos poucos.
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