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Ajuste fiscal preocupa, diz diretor do BC
do FolhaNews
As maiores dúvidas do mercado
financeiro estão relacionadas à
questão fiscal do próximo ano e à
capacidade de o governo manter
intocado o cofre público. Essa é a
opinião do diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz
Fernando Figueiredo, que participou de seminário ontem em São
Paulo.
Segundo ele, essas dúvidas se
originam na lógica de que o mercado tem de pensar sobre resultados anteriores (experiências passadas). "O sistema ainda age como se houvesse muito dinheiro
externo de curto prazo em circulação, o que não acontece mais."
Com relação ao hedge (proteção) no sistema financeiro, Figueiredo afirmou que o Banco
Central tem uma visão de longo
prazo para diminuir essas operações. De acordo com ele, as empresas, em especial as multinacionais, fazem hedge de seu patrimônio buscando proteção. Outras
companhias atuam no mercado
quando a taxa de câmbio está
muito alta.
"É um erro achar que o câmbio
sempre está em alta e que é preciso se proteger. O câmbio é flutuante. Quando o câmbio chega a
R$ 1,95 é sinal de que o termômetro está quebrado. Nesse patamar,
a taxa é um overshooting. Esse
processo faz parte da aprendizagem com o câmbio flutuante."
Segundo Figueiredo, a busca
por hedge pode ter colaborado
para elevar a taxa de câmbio nos
últimos dias. Ele disse ainda que
as empresas terão de adotar uma
política de proteção que atenda
suas expectativas.
"Não se pode fazer hedge a
qualquer preço. Quando o câmbio era fixo, as empresas faziam
hedge e perdiam no máximo 1%.
Agora, com o câmbio flutuante,
elas podem perder até 5%."
Credibilidade
Figueiredo afirmou ainda que a
credibilidade do Brasil já está restabelecida dos efeitos negativos
da desvalorização cambial. Segundo ele, hoje o país tem sobra
de capital externo e as projeções
de inflação estão entre 12% e 13%
para o IGP-M e entre 6,5% e 7%
para o IPC da Fipe.
"Essas taxas de inflação estão
dentro do esperado e a recuperação do Brasil foi melhor do que a
dos demais países que passaram
por processo semelhante", disse.
Figueiredo afirmou que o saldo
da balança comercial deve ser positivo no próximo ano. Segundo
ele, isso deve acontecer pela recuperação dos preços das commodities e pela volta do crescimento
econômico na Ásia, que é o principal importador do país.
O Banco Central se reuniu anteontem à noite para discutir o
desenvolvimento dos mercados
secundários de títulos. A reunião
foi quase conclusiva sobre as modificações que o BC pretende fazer no sistema. Segundo Figueiredo, quando a proposta estiver
pronta será levada para discussão
com representantes do mercado
financeiro. "Já contamos com
apoio de muitos bancos e de instituições de classe."
De acordo com Figueiredo, haverá mudanças nos leilões que são
realizados pelo BC e nos papéis
que são ofertados. "O Banco Central também está estudando uma
nova forma de operar no mercado overnight e de não apenas oferecer papéis, mas comprá-los." O
objetivo da mudança, segundo
ele, é fazer com que o mercado de
títulos se torne transparente.
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