São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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GLOBALIZAÇÃO
Brasil e Argentina tentam pressão sobre europeus
Mercosul quer os EUA na defesa de comércio agrícola mais livre

ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires

O Brasil e a Argentina querem que os EUA se posicionem com relação às negociações para a liberalização do comércio agrícola, durante a Rodada do Milênio da OMC (Organização Mundial do Comércio).
O secretário de Agricultura dos EUA, Dan Glickman, participará como convidado especial da reunião do grupo Cairns, que reúne 15 países contrários à prática de subsídios para o setor agrícola.
Entre os sócios do Cairns estão Canadá, Austrália, Brasil e Argentina. Os EUA não fazem parte do grupo.
Hoje, o ministro da Agricultura brasileiro, Marcus Pratini de Moraes, se reúne com Glickman para discutir se os EUA irão apoiar o Cairns no combate aos subsídios.
Os norte-americanos são apontados pelo subsecretário de Relações Econômicas do Mercosul argentino, Jorge Campbell, como um dos países que mais prejudicam o livre comércio no setor agrícola.
Dos US$ 362 bilhões gastos anualmente em subsídios agrícolas, pelos 25 países da OCDE (clube dos países ricos), os EUA são responsáveis por US$ 100 bilhões. A campeã é a UE, com US$ 142 bilhões. Os dados foram apresentados por Campbell.
Mas, segundo o subsecretário argentino, os vizinhos do norte podem ser um importante aliado na rodada de negociação da OMC, que deve começar em novembro, em Seattle (EUA), pois eles têm demonstrado uma posição mais flexível que a UE. O apoio dos EUA serviria de pressão política sobre a posição intransigente da UE.
Pratini afirmou que os EUA também têm interesse em abrir o mercado europeu, o mais protecionista, para seus produtos agrícolas. Segundo ele, "os subsídios à agricultura são responsáveis por parte da miséria em que vive a agricultura brasileira".
Além de tentar esclarecer a posição dos EUA, a Argentina pretende sair da reunião do Cairns, que começou ontem e termina no domingo, com um comunicado forte e breve contra a prática de subsídios no comércio agrícola.
Segundo Campbell, os 15 países-membros do Cairns, embora defendam o livre comércio para a agricultura, apresentam interesses diversos. Portanto, seria difícil chegar a um acordo durante o encontro em Buenos Aires, que especificasse a posição do Cairns para a negociação em Seattle.


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