São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Enquanto a Bovespa subiu 19,6% em sete pregões, o giro foi de R$ 500 milhões ao dia, em média

Volume da Bolsa não segue alta das ações

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dias que antecederam o segundo turno foram de surpresas no mercado financeiro.
Em sete pregões, a Bovespa acumulou alta de 19,64%. Mas a média do volume financeiro, com exceção de dois desses dias, ainda não empolga: foi de pouco mais de R$ 500 milhões.
A justificativa para a alta: o mercado teria percebido que um governo de Luiz Inácio Lula da Silva não adotaria medidas radicais. Segundo analistas, investidores consideraram que o petista se comprometera com o ajuste fiscal e com o incentivo à Bovespa.
Entretanto, ao longo da campanha -vale lembrar-, executivos de bancos e corretoras repetiam em uníssono que Lula não tinha credibilidade e, por essa razão, mesmo que assumisse compromissos desejados pelo mercado financeiro, isso não seria suficiente para acalmar os investidores.

Vencimentos de opções
Mesmo depois de a Bolsa ter subido em 7,79% em dois pregões seguidos, o giro financeiro do exercício de vencimento de opções, na segunda-feira passada, foi de R$ 238,3 milhões, inferior ao volume registrado no exercício de agosto, R$ 318 milhões.
"É difícil explicar por que o volume do exercício foi tão baixo e por que o mercado passou a comprar Telemar a R$ 25, se na segunda-feira muitos recusavam o papel a R$ 22", diz Luiz Antônio Vaz das Neves, da corretora Planner.

Compras
Foi na quarta-feira passada que investidores intensificaram a compra de ações. Com alta de 5,45% no dia, o pregão movimentou R$ 870 milhões. No dia seguinte, o giro financeiro fechou em RS 994,137 milhões.
A elevação da recomendação do banco norte-americano Salomon Smith Barney de ações brasileiras ajudou a trazer dinheiro novo para a Bolsa, segundo analistas.
Mas operadores observaram uma coincidência. A exemplo do que aconteceu nos últimos dias, na semana que antecedeu o primeiro turno das eleições, o cenário antes sombrio, clareou.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e os C-Bonds acumularam alta de 6,2% e 13,6%, respectivamente, enquanto o risco-país e o dólar caíram. Naqueles cinco dias, o indicador do banco JP Morgan recuou 19,64% e o câmbio acumulou baixa de 6,7%
Na ocasião, também houve um estímulo vindo de instituição financeira do exterior. A Merrill Lynch havia elevado a classificação para papéis brasileiros.
Operadores, porém, observaram um movimento estranho nos C-Bonds. Para eles, o BC comprou os papéis, que estavam desvalorizados.
A melhora nos títulos da dívida brasileira teria puxado os outros mercados e ajudado a montar um cenário mais positivo quando as atenções no exterior se voltam para as eleições brasileiras.
Na quinta-feira anterior ao primeiro turno, os C-Bonds abriram em alta. A Bovespa, em razão de arbitragem, seguiu os ADRs (American Depositary Receipts, certificados de depósitos de ações emitidos e negociados nos EUA), cujos investidores acompanham de perto os C-Bonds. Com o panorama melhor, o câmbio cedeu.
Embora difícil de comprovar, para alguns analistas, o mercado assistiu ao mesmo filme agora no segundo turno.
Quanto ao humor para os negócios hoje, boa parte dos analistas afirma, como Valmir Celestino, do Banco Safra, que "a Bolsa tem espaço para alta, mas pode realizar um pouco os lucros nos próximos dias porque subiu muito."
No dia seguinte ao primeiro turno, a Bovespa caiu 4,28% e girou apenas R$ 271,9 milhões.


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