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Imóveis freiam economia dos EUA no 3º tri
Investimento em construção de casas cai 17,4%, a maior retração desde 1991, e taxa anualizada do PIB avança só 1,6%
Expansão da economia norte-americana é a menor desde o 1º trimestre de 2003; analistas apontam risco maior de recessão
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia norte-americana cresceu 1,6% no trimestre
passado. A taxa é menor do que
a esperada pelos analistas do
setor privado, que previam 2%,
e bem mais baixa do que a do
segundo trimestre, quando a
maior economia do planeta registrou crescimento de 2,6%. A
última vez em que os EUA cresceram tão pouco foi no primeiro trimestre de 2003.
O Departamento de Estatísticas dos EUA divulga taxas
anualizadas, ou seja, elas mostram o quanto a economia cresceria em um ano caso a velocidade de um trimestre se repetisse nos próximos trimestres.
Os resultados do terceiro trimestre mostram que o desaquecimento do setor imobiliário já causa estragos. Os investimentos em construção de casas, os grandes responsáveis
pelo fraco desempenho do terceiro trimestre, registraram a
quarta queda consecutiva e o
pior resultado desde o primeiro
trimestre de 1991. Desta vez,
eles encolheram 17,4%, retração bem maior do que os 11,1%
do segundo trimestre.
Déficit
O outro grande fator negativo foi o setor externo. O déficit
comercial dos EUA ficou em
US$ 639,9 bilhões, contra US$
624,2 bilhões do segundo trimestre. Como resultado, o setor externo teve contribuição
negativa de 0,58 ponto percentual para o resultado do PIB
(Produto Interno Bruto).
Os resultados confirmam o
que todos os analistas já previam: o impacto negativo que o
ajuste do mercado imobiliário
teria sobre a economia. Mas
não há consenso agora sobre o
que os números do terceiro trimestre significam. Para alguns,
o setor imobiliário e a economia dos EUA chegaram ao vale
do atual ciclo econômico, ou seja, ao fundo do poço, e devem
recuperar-se a partir de agora.
Para outros, a recessão passou
a ser um risco um pouco maior.
"Espere hoje [ontem] pela
tradicional corrida dos otimistas com o conto de fadas sobre
uma recuperação no quarto trimestre. Mantenho minhas previsões de que o crescimento no
quarto trimestre estará entre
0% e 1% e que a economia entrará em recessão no primeiro
trimestre de 2007 ou, no máximo, no segundo", avalia em relatório o pessimista Nouriel
Roubini, economista da Universidade de Nova York.
"Com a procura provavelmente acelerando no quarto
trimestre por conta da queda
dos preços de energia, esperamos que o crescimento seja
maior nos próximos trimestres, com os fatores negativos
diminuindo", avalia, em outro
relatório, Peter Andersen, economista do Danske Bank.
A grande incógnita continua
sendo o mercado de imóveis.
Os que se alinham com Roubini
avaliam que a retração do setor,
cedo ou tarde, contaminará o
consumo, na medida em que as
famílias passarem a gastar menos. Por enquanto o consumidor não se abalou com a queda
nos preços dos imóveis. O resultado de ontem mostrou os
gastos de consumo subindo a
um ritmo de 3,1% ao ano, resultado ainda superior, portando,
aos 2,1% do trimestre anterior.
A boa notícia é que a inflação
parece sob controle. O índice
de preços medido pelo relatório de ontem mostra alta de 2%
no trimestre, metade da registra no segundo trimestre. O núcleo da inflação, medida que exclui oscilações de preços de alimentos e de energia, também
cedeu: era de 2,9% no segundo
trimestre e caiu para 1,9% no
trimestre passado.
Não parece mais haver dúvidas de que o aperto monetário
promovido pelo Federal Reserve (BC americano) tenha surtido os efeitos desejados: reduzir
o crescimento e segurar a inflação. De junho de 2004 a junho
deste ano, o Fed elevou a taxa
básica de juros dos EUA de 1%
para 5,25% ao ano. Começam
agora as especulações sobre o
quanto a economia vai se retrair por conta da alta e, mais,
quando o Fed decidirá reduzir
as taxas, dando novo alento ao
nível de atividade.
"Dado o baixo crescimento, o
enfraquecimento do mercado
imobiliário e o desempenho do
setor externo, parece forte o argumento para que o Fed comece a reduzir a taxa de juros",
aconselha Josh Bivens, economista do Instituto de Política
Econômica.
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