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Cenário ainda é favorável para o Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
A divulgação da taxa de
crescimento da economia
dos EUA no terceiro trimestre deve fazer alguns analistas rever suas projeções para
o desempenho americano
neste ano e em 2007, mas
ainda é cedo para prever
qualquer impacto na economia brasileira.
Maior ou menor crescimento da economia norte-americana tem impactos em
todas as economias do mundo, e certamente uma taxa de
crescimento anêmica ou
uma recessão não serão boas
para o Brasil: tenderíamos a
exportar menos e a ter condições de financiamento externo menos favoráveis.
Mas, se ocorrer, a recessão
norte-americana terá efeitos
muito difíceis de prever. Primeiro porque o Brasil mudou. A economia brasileira
está menos vulnerável a crises externas e, mesmo que as
exportações percam algum
dinamismo, é improvável
que o Brasil volte a ter déficits comerciais nos próximos
anos ou precise de financiamento externo em tempos
de mercado de capitais internacional avesso ao risco.
Fábio Silveira, da RC Consultores, projeta, por exemplo, superávit comercial de
US$ 35 bilhões para 2007.
São US$ 9 bilhões a menos
do que neste ano, mas apenas
uma retração muito grande e
desastrosa transformaria superávit dessa magnitude em
déficit. Mesmo que uma recessão nos EUA deprima um
pouco o comércio mundial,
tornando a projeção de Silveira otimista, ela não traria
a crise externa ao Brasil.
Segundo, mudou o mundo.
A economia americana ainda
é um motor importante, mas
o mundo depende cada vez
mais do motor asiático. Na
semana passada, a revista
britânica "The Economist"
mostrava que, a despeito do
fato de parte do crescimento
asiático depender das exportações para os EUA, há muitos setores que crescem voltados para os mercados internos e os asiáticos também
tornaram-se grandes importadores mundiais. Assim, argumenta a revista, o mundo
está menos dependente dos
EUA. Uma recessão por lá terá efeitos negativos para a
economia global, Brasil incluso, mas não tão negativos
quanto no passado.
Ricardo Vieira, da LCA
Consultores, concorda com o
argumento de que o dinamismo chinês pode compensar parte da perda de ímpeto
da economia dos EUA, funcionando como "motor" auxiliar da economia mundial.
As projeções da LCA ainda
são otimistas. A consultoria,
diz Vieira, ainda projeta crescimento da economia norte-americana superior a 2% no
próximo ano. Mesmo o resultado ruim do terceiro trimestre, diz ele, deve ser revisto um pouco para cima.
A desaceleração nos EUA,
avalia Silveira, não deve chegar a uma recessão, mas é um
movimento para o qual os
analistas prestarão cada vez
mais atenção. "Temos de ver
até onde vai esse enfraquecimento, até onde vai o impacto desse enfraquecimento
sobre a economia chinesa.
Em princípio, nosso cenário
é de um pouso suave, de acomodação", diz Silveira.
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