São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cenário ainda é favorável para o Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

A divulgação da taxa de crescimento da economia dos EUA no terceiro trimestre deve fazer alguns analistas rever suas projeções para o desempenho americano neste ano e em 2007, mas ainda é cedo para prever qualquer impacto na economia brasileira.
Maior ou menor crescimento da economia norte-americana tem impactos em todas as economias do mundo, e certamente uma taxa de crescimento anêmica ou uma recessão não serão boas para o Brasil: tenderíamos a exportar menos e a ter condições de financiamento externo menos favoráveis.
Mas, se ocorrer, a recessão norte-americana terá efeitos muito difíceis de prever. Primeiro porque o Brasil mudou. A economia brasileira está menos vulnerável a crises externas e, mesmo que as exportações percam algum dinamismo, é improvável que o Brasil volte a ter déficits comerciais nos próximos anos ou precise de financiamento externo em tempos de mercado de capitais internacional avesso ao risco.
Fábio Silveira, da RC Consultores, projeta, por exemplo, superávit comercial de US$ 35 bilhões para 2007. São US$ 9 bilhões a menos do que neste ano, mas apenas uma retração muito grande e desastrosa transformaria superávit dessa magnitude em déficit. Mesmo que uma recessão nos EUA deprima um pouco o comércio mundial, tornando a projeção de Silveira otimista, ela não traria a crise externa ao Brasil.
Segundo, mudou o mundo. A economia americana ainda é um motor importante, mas o mundo depende cada vez mais do motor asiático. Na semana passada, a revista britânica "The Economist" mostrava que, a despeito do fato de parte do crescimento asiático depender das exportações para os EUA, há muitos setores que crescem voltados para os mercados internos e os asiáticos também tornaram-se grandes importadores mundiais. Assim, argumenta a revista, o mundo está menos dependente dos EUA. Uma recessão por lá terá efeitos negativos para a economia global, Brasil incluso, mas não tão negativos quanto no passado.
Ricardo Vieira, da LCA Consultores, concorda com o argumento de que o dinamismo chinês pode compensar parte da perda de ímpeto da economia dos EUA, funcionando como "motor" auxiliar da economia mundial.
As projeções da LCA ainda são otimistas. A consultoria, diz Vieira, ainda projeta crescimento da economia norte-americana superior a 2% no próximo ano. Mesmo o resultado ruim do terceiro trimestre, diz ele, deve ser revisto um pouco para cima.
A desaceleração nos EUA, avalia Silveira, não deve chegar a uma recessão, mas é um movimento para o qual os analistas prestarão cada vez mais atenção. "Temos de ver até onde vai esse enfraquecimento, até onde vai o impacto desse enfraquecimento sobre a economia chinesa. Em princípio, nosso cenário é de um pouso suave, de acomodação", diz Silveira.


Texto Anterior: Imóveis freiam economia dos EUA no 3º tri
Próximo Texto: Ação de banco chinês sobe 14,6% na estréia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.