São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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Folha do INSS pode virar novo alvo de disputa

Governo também estuda renegociar o contrato do Banco Postal com o Bradesco

Dificuldade em atender bem clientela numerosa da Previdência é empecilho; executivos de bancos têm dúvidas sobre retorno

Almeida Rocha - 14.fev.2006/Folha Imagem
Fila em agência do INSS; Fazenda analisa venda de folha de pagamento da instituição, que envolve mais de 25 mi de beneficiários

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No clima de guerra vivido pelos bancos em razão da disputa pela administração da folha de pagamento e do caixa de Estados e municípios, duas negociações nos bastidores do governo são acompanhadas à distância com interesse pelas instituições públicas e privadas.
Uma delas é a proposta de venda da folha do INSS, que envolve mais de 25 milhões de beneficiários. Outra é a queda-de-braço do ministro das Comunicações, Hélio Costa, com o Bradesco sobre o Banco Postal.
O governo quer fazer uma renegociação do contrato firmado em 2001 entre a ECT e o Bradesco para administrar o Banco Postal, na verdade uma marca para designar serviços bancários prestados nas agências dos Correios.
Há uma corrente dentro do governo que defende que os R$ 262 milhões pagos na licitação foram pouco, que as taxas pagas pelo Bradesco mal cobrem os gastos operacionais e que o Banco Postal é um negócio ruim para o poder público.
A tese ganhou força com o acirramento da disputa entre os bancos pela folha de pagamento. Argumenta-se, agora, que, como administrador do Banco Postal, o Bradesco tem acesso a cerca de 110 mil funcionários sem ter pago por isso.
O governo quer rever o contrato e pede que o Bradesco pague mais para explorar o serviço, mas as negociações não estão avançando.
Segundo a Folha apurou, a Caixa Econômica Federal já teria demonstrado interesse em assumir o banco e estimado uma quantia superior a R$ 1,8 bilhão pela parceria com os Correios.
Para isso, seria preciso romper antecipadamente o contrato, que vence, segundo o governo, em 2009. Opiniões da área econômica são contrárias à radicalização, conforme Costa ensaiou no começo do ano.
A venda da folha do INSS é outro assunto delicado. Pensada inicialmente pelo ex-secretário do Tesouro Joaquim Levy, a idéia foi deixada de lado. O ministro Guido Mantega (Fazenda) já se manifestou favorável à ideia, mas ela acabou ficando em banho-maria. No último mês, porém, o assunto voltou à tona no governo e está sendo encaminhado "com muito cuidado" pela área técnica do Ministério da Fazenda.
A dificuldade em atender bem uma clientela tão numerosa e que está espalhada pelos quatro cantos do país tem sido o maior empecilho até o momento. Nenhuma instituição financeira, segundo avaliações preliminares, teria condições de assumir esse serviço com exclusividade.
Para muitos bancos, pode também não ser um bom negócio, já que, se a instituição não tiver uma rede grande, terá que investir muito por um retorno duvidoso, avaliam executivos de instituições financeiras.
Isso porque, para eles, uma das vantagens em administrar a folha de pagamento de uma prefeitura ou empresa é a concentração dos clientes numa área determinada. Assim, é possível oferecer um serviço melhor com menor custo.


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