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Coréia corta juros; Bolsa de Tóquio volta a níveis de 1982
Alta da moeda japonesa é alvo de preocupação do G7
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A Bolsa de Tóquio atingiu o
menor nível em 26 anos e a de
Hong Kong caiu 12,7%, a maior
queda desde 1997. As duas
maiores Bolsas asiáticas refletem o pessimismo na região
quanto aos sinais mais claros
de recessão mundial. No contra-ataque, ontem o banco central da Coréia do Sul baixou sua
taxa de juros de 5% para 4,25%.
As ações japonesas caíram
pelo medo de que os bancos locais precisarão de mais capital
e de que o fortalecido iene deixará ainda mais difíceis as exportações do país.
A valorização do iene -uma
das raras moedas que sobem
ante o dólar- é fruto da busca
dos investidores por ativos
mais seguros e especialmente
pelo fim do "carry trade".
Na última década, os investidores se aproveitaram dos juros baixos no Japão para pegar
dinheiro emprestado em iene e
investi-lo em outros mercados,
especialmente nos emergentes.
Com a crise, bilhões de ienes
estão retornando ao Japão, valorizando a moeda local -ela
subiu na semana passada mais
de 10% em relação ao dólar e
34% em relação ao euro.
O fortalecimento da moeda
japonesa se tornou preocupação dos países do G7 (as economias mais ricas do mundo), que
disseram, em nota, estar
apreensivos com a "excessiva
volatilidade" do iene e as "suas
possíveis implicações adversas
para a economia e a estabilidade financeira".
O índice Nikkei, o mais importante da Bolsa de Tóquio,
caiu 6,36% - em quatro pregões, a queda foi de 23,03%. A
moeda japonesa foi negociada
ontem a 92,86 ienes por dólar.
Na Coréia do Sul, o banco
central do país diminuiu ontem
sua taxa de juros de 5% para
4,25% em uma reunião de
emergência. O governo disse
que o corte pretende estimular
o consumo. Há o temor de que a
quarta maior economia asiática
entre em recessão.
A moeda coreana, o won, se
desvalorizou em 35% neste ano
em relação ao dólar.
China
"Os fundamentos da economia chinesa continuam sólidos
e o país pode lidar com os desafios colocados por uma crise financeira global", afirmou o
presidente do BC chinês, Zhou
Xiaochuan, em encontro com
deputados anteontem.
Após uma série de comentários otimistas -"nossas instituições financeiras são fortes, a
liquidez no mercado como um
todo é ampla e o nosso sistema
financeiro é estável"-, Zhou
pediu aos deputados que "não
subestimem o impacto da crise
financeira global na China".
É uma forte mudança depois
de semanas em que as autoridades locais e a imprensa oficial insistiram que o impacto da
crise seria "modesto" no país.
A longo prazo, porém, Zhou
repetiu o otimismo do alto escalão do Partido Comunista. "A
urbanização contínua e a nossa
industrialização, que geram
uma demanda de investimentos enorme, assim como um
mercado doméstico enorme e
mão-de-obra barata, apontam
que não desviaremos do caminho de avanço econômico."
Mas um estudo do banco
Standard Chartered diz que o
gasto público, que deve aumentar, segundo o governo chinês,
para reanimar a economia, não
substitui a desaceleração de várias áreas.
No ano passado, apenas 14%
dos gastos foram governamentais, respondendo por 1,5 ponto
percentual dos 11,9% que o PIB
cresceu. O maior peso foi justamente das áreas que se retraem
no país -investimento respondeu por 4,6 pontos percentuais
e consumo por 3,2 pontos percentuais.
Colaborou a Redação
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