São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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Coréia corta juros; Bolsa de Tóquio volta a níveis de 1982

Alta da moeda japonesa é alvo de preocupação do G7

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

A Bolsa de Tóquio atingiu o menor nível em 26 anos e a de Hong Kong caiu 12,7%, a maior queda desde 1997. As duas maiores Bolsas asiáticas refletem o pessimismo na região quanto aos sinais mais claros de recessão mundial. No contra-ataque, ontem o banco central da Coréia do Sul baixou sua taxa de juros de 5% para 4,25%.
As ações japonesas caíram pelo medo de que os bancos locais precisarão de mais capital e de que o fortalecido iene deixará ainda mais difíceis as exportações do país.
A valorização do iene -uma das raras moedas que sobem ante o dólar- é fruto da busca dos investidores por ativos mais seguros e especialmente pelo fim do "carry trade".
Na última década, os investidores se aproveitaram dos juros baixos no Japão para pegar dinheiro emprestado em iene e investi-lo em outros mercados, especialmente nos emergentes. Com a crise, bilhões de ienes estão retornando ao Japão, valorizando a moeda local -ela subiu na semana passada mais de 10% em relação ao dólar e 34% em relação ao euro.
O fortalecimento da moeda japonesa se tornou preocupação dos países do G7 (as economias mais ricas do mundo), que disseram, em nota, estar apreensivos com a "excessiva volatilidade" do iene e as "suas possíveis implicações adversas para a economia e a estabilidade financeira".
O índice Nikkei, o mais importante da Bolsa de Tóquio, caiu 6,36% - em quatro pregões, a queda foi de 23,03%. A moeda japonesa foi negociada ontem a 92,86 ienes por dólar.
Na Coréia do Sul, o banco central do país diminuiu ontem sua taxa de juros de 5% para 4,25% em uma reunião de emergência. O governo disse que o corte pretende estimular o consumo. Há o temor de que a quarta maior economia asiática entre em recessão.
A moeda coreana, o won, se desvalorizou em 35% neste ano em relação ao dólar.

China
"Os fundamentos da economia chinesa continuam sólidos e o país pode lidar com os desafios colocados por uma crise financeira global", afirmou o presidente do BC chinês, Zhou Xiaochuan, em encontro com deputados anteontem.
Após uma série de comentários otimistas -"nossas instituições financeiras são fortes, a liquidez no mercado como um todo é ampla e o nosso sistema financeiro é estável"-, Zhou pediu aos deputados que "não subestimem o impacto da crise financeira global na China".
É uma forte mudança depois de semanas em que as autoridades locais e a imprensa oficial insistiram que o impacto da crise seria "modesto" no país.
A longo prazo, porém, Zhou repetiu o otimismo do alto escalão do Partido Comunista. "A urbanização contínua e a nossa industrialização, que geram uma demanda de investimentos enorme, assim como um mercado doméstico enorme e mão-de-obra barata, apontam que não desviaremos do caminho de avanço econômico."
Mas um estudo do banco Standard Chartered diz que o gasto público, que deve aumentar, segundo o governo chinês, para reanimar a economia, não substitui a desaceleração de várias áreas.
No ano passado, apenas 14% dos gastos foram governamentais, respondendo por 1,5 ponto percentual dos 11,9% que o PIB cresceu. O maior peso foi justamente das áreas que se retraem no país -investimento respondeu por 4,6 pontos percentuais e consumo por 3,2 pontos percentuais.

Colaborou a Redação



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