São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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SEGUROS
Fundo da CEF pretende vender 30,75% das ações
Funcef chama Goldman Sachs para negociar parte da Sasse

FELIPE PATURY
da Reportagem Local

O fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, a Funcef, deu início a um dos mais importantes negócios do mercado de seguros dos últimos tempos. Há um mês, contratou a Goldman Sachs para elaborar uma estratégia de venda de 30,75% das ações da Sasse. Conhecida como a Seguradora da Caixa, a Sasse é, na verdade, da Funcef, que detém 50,75% do seu capital.
A participação é contabilizada pelo fundo por R$ 41,5 milhões. Analistas de mercado estimam, no entanto, que ela valha, pelo menos, cinco vezes mais. Primeiro, porque está subavaliada. Depois, porque quem levar as ações ganha a segunda maior equipe de corretores do país com postos de venda espalhados por todo o território nacional.
"Uma companhia de seguros vale sua rede de distribuição e a Caixa tem 2.000 agências espalhadas pelo país", diz Pedro Freitas, presidente da Funcef. A contratação da Goldman Sachs, por US$ 150 mil, atiçou as empresas de seguros. A Sulamérica, primeira no ranking nacional, já se apresentou como candidata a sócia.
Para os estrangeiros, os mais de 30% de participação na Funcef são uma oportunidade rara de ingresso no mercado nacional. A rede de distribuição da Caixa seduziu a New York Life, quinta maior empresa americana do ramo, que mandou emissários para sondar a Sasse em Brasília.
A contratação da Goldman Sachs também é a capitulação da Funcef, que lutou nos últimos dez anos para manter o controle da Sasse, contrariando uma resolução do Conselho Monetário Nacional. Pela resolução, os fundos não podem ter mais de 20% do capital de qualquer empresa. Mas o fundo já tentou de tudo para burlar a legislação.
Em 1997, a Funcef chegou a camuflar seu controle da empresa com a venda das ações excedentes para um fundo de investimento administrado pelo Banco BMG. O problema é que o único cotista do fundo é a própria Funcef. No lance mais recente da disputa, a Funcef tomou em junho uma multa da Secretaria de Previdência Complementar por se manter com as ações.
"O problema se arrasta desde a criação da Funcef, quando a Sasse nos foi dada para abater uma dívida que a Caixa tem com a fundação", diz Edo Ferreira de Freitas, que foi empossado na presidência da Funcef com a tarefa de reorganizar as contas da fundação.
Além da propriedade da Sasse, a Funcef desrespeita as regras para os fundos de pensão acumulando mais imóveis que o permitido.


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