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TRABALHO
Deputados se insultam e público quase quebra vidro das galerias da Câmara durante debate da lei que altera CLT
Deputado atira Carta de 88 na testa de colega
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um exemplar da Constituição
rasgado e atirado contra um deputado, tumulto nas galerias do
plenário e tropa do Batalhão de
Operações Especiais para impedir
a entrada de manifestantes no
prédio. A votação do projeto que
flexibiliza a CLT manteve a temperatura alta ontem na Câmara.
Durante o dia, cerca de mil pessoas, segundo a avaliação dos manifestantes, e 400, de acordo com
a Polícia Militar, cercaram uma
das entradas da Casa. A manifestação foi tranquila.
Quando a sessão para votar o
projeto teve início, o clima de tensão começou a dominar o ambiente, com a agitação de sindicalistas nas galerias. Eles batiam no
vidro que isola o plenário.
"Deputado que votar nós vamos denunciar". "Dornelles [ministro do Trabalho, Francisco
Dornelles", ladrão, meu dinheiro
não. Dornelles, salafrário, ministro de banqueiro e empresário",
gritavam os manifestantes.
Deputados temiam que o vidro
se rompesse. A segurança entrou
no plenário afastando os congressistas do local onde, se quebrado,
o vidro poderia atingir alguém.
Nas galerias, os seguranças agiram para controlar a manifestação e prenderam um sindicalista
da CUT (Central Única dos Trabalhadores), liberado minutos
depois.
Ainda sob o impacto da confusão, os presentes no plenário assistiram ao deputado Paulo Paim
(PT-RS) rasgar a Constituição.
Exaltado e nervoso, ele despedaçou o livro na tribuna e atirou-o
contra um deputado.
A cena ocorreu quando discursava contra o projeto que flexibiliza a CLT (Consolidação das Leis
do Trabalho). O deputado afirmava que estavam rasgando o artigo 7º da Constituição, que trata
dos direitos trabalhistas, e retirou
a página que mostra o dispositivo.
Ao vê-lo rasgar o texto constitucional, o deputado Ricardo Izar
(PTB-SP) disse que se tratava de
uma "molecagem" e que Paim era
"moleque sem vergonha", segundo versão do próprio Izar.
Na versão de Paim, Izar o chamou de "cachorro f.d.p.". Ainda,
segundo Paim, houve o seguinte
diálogo: "Repete se for homem",
teria dito Paim. "Cachorro f.d.p.",
teria repetido Izar.
Paim então jogou a Constituição em direção a Izar, atingindo o
deputado André Benassi (PSDB-SP). Deputados e seguranças intervieram para evitar uma possível briga entre os deputados.
Paim pediu desculpas a Benassi.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), anunciou
que vai apresentar representação
contra Paim por falta de decoro
parlamentar. Enquanto Paim e
Izar discutiam no plenário, nas
galerias o líder do PT na Câmara,
Walter Pinheiro (BA), tentava resolver o confronto entre seguranças e manifestantes.
Na entrada lateral da Câmara, a
tropa do Bope reprimiu uma tentativa de invasão do prédio por
cerca de 500 manifestantes. Houve empurra-empurra, mas nenhum incidente foi registrado.
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